quinta-feira, 22 de maio de 2025

“Inauguração Pavilhão Julião Sarmento”


Por: Ana Rocha 

Lisboa recebe um novo centro de arte dedicado à coleção do artista Julião Sarmento, ponto de confluência para uma programação multidisciplinar.

A entrada será gratuita de 5 a 8 de junho 

No próximo dia 4 de junho, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, procederá à inauguração do Pavilhão Julião Sarmento – um novo espaço museológico dedicado à arte contemporânea, que contará com a direção da curadora Isabel Carlos. Com uma escala compacta e intimista e uma vertente diferenciadora e com vocação internacional, o museu situa-se em Belém, contíguo a alguns dos mais importantes equipamentos culturais e museológicos da cidade.  

Com base na coleção de Julião Sarmento, a cidade reforça a dimensão contemporânea e cosmopolita constelando as figuras artísticas já consagradas com as gerações vindouras da Arte Contemporânea. 

 

O projeto arquitetónico e a visão estratégica cultural

 

O edifício, propriedade do município de Lisboa e originalmente um armazém de alimentos, foi alvo de uma profunda reabilitação arquitetónica conduzida por João Luís Carrilho da Graça para dar lugar a um espaço único na sua escala, missão e identidade.  

O projeto nasce com a missão de preservar, estudar, ativar e partilhar a importante coleção privada do artista Julião Sarmento (1948–2021), constituída por cerca de 1 500 obras de arte, reunidas ao longo de décadas com um olhar singular e profundamente afetivo com a comunidade artística da qual era um dos protagonistas.   

A obra, da responsabilidade da SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, representou um investimento de 6 milhões de euros, ao qual se somaram 500 mil euros assegurados pela EGEAC – Lisboa Cultura. Este novo museu passa agora a integrar o portefólio de equipamentos culturais geridos por esta empresa municipal, reforçando a oferta pública de espaços dedicados à cultura na cidade e contribuindo para consolidar a arte contemporânea como um dos eixos estratégicos e estruturantes da política cultural de Lisboa. 

 

Uma nova instituição para o cruzamento de linguagens 

 

Mais do que um museu tradicional, o Pavilhão Julião Sarmento afirma-se como um centro de arte vivo, orientado para a experimentação, a produção e o cruzamento de conhecimentos artísticos. Concebido “de um criador para outros criadores”, o espaço apresenta-se como um lugar de proximidade entre artistas, públicos, investigadores e comunidades, com uma programação que vai muito além das exposições temporárias. Aqui, as artes plásticas encontram-se com o cinema, a literatura, a performance, a música ou a moda, refletindo o espírito transversal que caracterizou a vida e a obra de Sarmento. 

Entre os objetivos da instituição destacam-se: 

- A apresentação regular da coleção através de exposições temáticas e de núcleos de artistas; 

- A ativação da coleção por meio de programas públicos multidisciplinares; 

- A construção de uma comunidade artística ativa e comprometida com a contemporaneidade. 

Exposição inaugural: TAKE 1 – A Coleção do Artista Julião Sarmento com curadoria de Isabel Carlos

A exposição inaugural, TAKE 1, apresenta uma seleção de obras da coleção de Sarmento e parte de uma metáfora cinematográfica – a "primeira tomada" – para assinalar o início de um percurso expositivo que se desdobrará em múltiplas leituras. A mostra, com curadoria da diretora, propõe dois grandes núcleos temáticos: Arte e Vida, centrado na amizade, amor, partilha e celebração entre artistas; e Espaço e Arquitetura, revelando o fascínio do artista pelo habitar, pela construção do desenho arquitetónico e pela materialidade. 

Entre os artistas representados encontram-se nomes fundamentais da arte contemporânea internacional como Marina Abramović, Ernesto Neto, Robert Morris, Juan Muñoz, Cristina Iglesias, Rui Chafes, Richard Long, Lawrence Weiner, Ângela Ferreira, John Baldessari, Rita McBride, entre muitos outros. A coleção, marcada pela proximidade afetiva e por trocas entre pares, reflete um entendimento profundo da arte enquanto campo expandido de relações, desejo e consciência. 

 

Programa da inauguração

 

Pavilhão Julião Sarmento - Avenida da Índia 172, 1400-207 Lisboa 

4 de junho de 2025 

18h00 – Abertura de portas

18h30 – Discurso de boas-vindas por Carlos Moedas

19h00 – Concerto da artista Dorit Chrysler

19h30 – Visita guiada ao espaço e à exposição por Isabel Carlos 

 

Ainda sobre: 

Concerto de Dorit Chrysler - A theremin Concert 

 

Dorit Chrysler é uma virtuosa do theremin (1), compositora, musicóloga e artista sonora nascida na Áustria, cofundadora da New York Theremin Society. Após concluir os estudos em musicologia em Viena, mudou-se para Nova Iorque em 1986 e atualmente vive entre Berlim e Nova Iorque. O seu trabalho investiga a utilização do theremin em várias disciplinas artísticas. O theremin, baseado em campos eletromagnéticos, é um dos primeiros instrumentos eletrónicos, criado em 1920 e tocado sem contacto físico. 

Dorit é fundadora do festival “Dame Electric”, dedicado às pioneiras femininas da música eletrónica, e foi galardoada com o prémio de “Melhor Música para Cinema 2025” no Festival de Cinema Diagonale, além de ter recebido a Bolsa de Composição do Estado Austríaco. Apresentou-se várias vezes como solista de theremin com a Orquestra Sinfónica de São Francisco e leciona a sua metodologia de interpretação deste instrumento há mais de duas décadas. 

Já atuou internacionalmente (Konzerthaus de Viena, Coachella, Museu Metropolitano de Nova Iorque, Palais de Tokyo em Paris, Aichi Worldfair, entre outros). A sua música foi comissionada pelo MoMA (“Calder Plays Theremin”), Klang Festival, Siemens Foundation e Bienal de Veneza. Participou em residências artísticas na Gaîté Lyrique (Paris), Pioneerworks e na Knightsbridge Foundation (Detroit). A sua música integra coleções no Museu Guggenheim, Museet em Estocolmo, entre outras. 

Compôs música para cinema (“Happyland”), televisão (melhor episódio da série policial alemã “Tatort”, 2025) e para o teatro Off broadway (“The Bestiary”). Foi artista participante na Bienal de Xangai 2023 e tem colaborado regularmente com o CERN no âmbito da sua vertente de divulgação científica. Produziu ainda uma peça para orquestra de dez theremins para o Disney Hall de Los Angeles. 

Ínúmeras gravações da sua música foram editadas por editoras como Fridman Gallery, NY Theremin Society, InMyRoomRecords (Alemanha), The Prurience Factory (EUA), Monika Enterprise (Alemanha), PlagDichNicht (Áustria), PlasticTray Records (EUA) e Mute (Reino Unido). 

Atualmente, Dorit é diretora criativa da NY Theremin Society, uma plataforma sem fins lucrativos que apoia o uso do theremin em diversas disciplinas artísticas. A NYTS celebra o seu 20.º aniversário em 2025.

www.nythereminsociety.org  

www.doritchrysler.com 

(1) Inventado em 1920 pelo russo Leon Theremin, o theremin é um dos primeiros instrumentos musicais eletrónicos e o único que se toca sem contacto físico. Através de campos eletromagnéticos, o intérprete controla o som apenas com o movimento das mãos no ar. Patenteado pelo seu autor nos Estados Unidos em 1928, o instrumento conquistou o público pela sua sonoridade futurista. A trajetória de Leon Theremin, marcada por sucesso internacional e um misterioso regresso forçado à União Soviética (onde trabalhou em projetos secretos), contribuiu para o mito em torno deste instrumento singular. 

Fonte: Egeac

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