Nuno da Câmara Pereira marcou
presença nesta homenagem
Por: José Morais
Imagens: Revista País Magazine
Mesmo sabendo que um dia a
vida acaba, nós nunca estamos preparados para perder alguém, com a vida a nos
ensinar a dizer adeus às pessoas que partem, sem tirá-las do nosso coração. A saudade consegue eterniza a presença
de quem já partiu, porem, com o tempo esta dor se acalma, transformando-se em
silêncio, e espera-se pelos braços da vida, para um dia reencontrar.
E foi o que aconteceu no
passado mês de outubro, Raimundo Tereso, deixou-nos presencialmente, mas
mantem-se vivo entre todos, e os amigos e familiares quiseram-lhe prestar uma
homenagem este sábado 23 de novembro.
De nome, Raimundo Glória Claro
Tereso, natural de Chão do Galego, Alcobaça, nasceu a 24 de agosto de 1951,
construtor de guitarras e violas portuguesas, aprendeu sozinho a arte da
construção, tendo como referência as guitarras de Álvaro da Silveira, mas
possuía um método próprio na sua construção, em 1986 iniciou-se no grupo de
variedades do Clube TAP, como fadista, e a partir dai começou o seu interesse
para a construção da Guitarra Portuguesa.
Vivia em Arcena, Alverca, e
além da construção das suas guitarras, tocava a mesma, e cantava o fado, com
uma voz sem dúvida muito potente, onde se destacava o fado de Coimbra, fazia
parte do Grupo Fado do Tejo ao Mondego, e destacava-se no mundo fadista.
Falar de Raimundo Tereso, nas
palavras dos amigos era muito fácil, já que o mesmo reunia uma amálgama de
sentimentos, que nutria pelos seu semelhante, onde aliviava a sua facilidade em
comunicar, a sua forma elegante em poder satisfazer algumas situações de
aperto, e onde conseguia desembaraçar uns novelos que apresentavam difíceis de
resolver.
E foi este homem que os amigos
quiseram relembrar, com uma excelente tarde de fados, a mesma foi realizada na
Casa do Povo de Arcena, Alverca, a qual a direção disponibilizou de imediato o
seu salão para a sua realização, local onde o homenageado toucou e cantou
imensas vezes, porem, a tristeza, as emoções, estiveram sempre presentes entre
todos, com todos os fadistas a relembrar sempre Raimundo Tereso nas suas
atuações.
A tarde fados iniciou-se pelas
15 horas, com a apresentação a cargo de Fernando Gomes, o mesmo deu as
boas-vindas a todos, e iniciou assim a primeira parte, apresentado os fadistas,
João Sanches, Odete Palma, Leonel Moura, Carolina Borges, António Dimas e José
Vaz.
Após um curto intervalo,
Fernando Gomes iniciava a segunda parte, e antes de dar início aos fados, Clara
Negrinho, presidente da Casa do Povo de Arcena, chamava Anabela, a viúva de
Raimundo Tereso, e deixava a sua mensagem muito comovida, relembrando o homem
grande, nobre e simples que era, pedindo um minuto de silêncio, seguindo-se
Fernando Gomes também ele a relembrar o amigo, a deixar a sua mensagem,
recordando alguns bons momentos que passaram.
E a sessão de fados iniciou a
segunda parte, com os fadistas, António Carlos, de referenciar a sua atuação
com a sua capa negra de estudante de Coimbra, o qual terminou com o tradicional
pregão dos estudantes. Seguiu-se as atuações de Carlos Videira, Maria Albina,
Joaquim Canavilhas, Helena Casquinha, António Figueiredo, Ramiro Gonçalves que
declamou um poema, Manuel Cardoso, Ilídio Duarte e Isabel Vaz.
Temos de salientar que a meio
da atuação destes fadistas, um grande nome do fado nacional marcou presença, e
o Salão de Festas da Casa do Povo de Arcena, e todos os presentes, receberam de
surpresa Nuno da Câmara Pereira, ele que soube à última hora desta homenagem, e
quis marcar presença, contado algo relacionado com Raimundo Tereso de quem era
amigo, falando da Guitarra que o mesmo lhe construiu, e que guarda com muito
amor, cantando depois uns fados.
Em final de evento, tanto
Clara Negrinho, como Fernando Gomes agradeceram a presença de todos, e
despediram-se com emoção, com a tarde de fados a terminar com o fado “Isto é
Lisboa”, com todos os presentes a levantarem-se a cantar e bater palmas.
Não podemos esquecer que esta
tarde de fados contou com grandes músicos, e todos os fadistas foram
acompanhados à guitarra portuguesa por, Manuel Magno, e as violas de fado estiveram
a cargo de, Carlos Videira, José Vaz e Ilídio Duarte.
O Fado Português e a arte da construção
da guitarra clássica ficam mais pobre com a sua partida. Até sempre Raimundo
Tereso.
Podem assistir a esta tarde de
fados no filme publicado no nosso canal de Tv do YouTube em: https://youtu.be/zUgaW0mEfWA
Nota:
Despedimo-nos assim de
Raimundo Tereso, no final deste filme, o mesmo interpreta o fado de Coimbra “Maria
das Flores”, acompanhado à viola por Carlos Videira, e com a presença de António
Carlos.
O nosso canal de televisão
está no YouTube em: https://www.youtube.com/@npmagazinetv9392/videos