sábado, 13 de julho de 2024

“Investigação: Cientistas da FCTUC registam a primeira medida de neutrinos com origem no interior do Sol com detetor de matéria escura”


O resultado histórico foi obtido pelo XENONnT, um sistema com um nível de sensibilidade na deteção de matéria escura sem precedentes.

 

A colaboração internacional denominada XENON, em que participam quatro cientistas do Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física da Radiação (LIBPhys) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), resgistou a primeira medida alguma vez realizada de neutrinos com origem no interior do Sol por dispersão elástica coerente neutrino-núcleo (CEvNS, sigla em inglês).

Este resultado histórico foi obtido pelo XENONnT, um sistema com um nível de sensibilidade na deteção de matéria escura sem precedentes.

Há largas dezenas de anos que foi prevista a deteção de neutrinos solares, assim como a matéria escura, em detetores localizados no nosso planeta, desde que a sua sensibilidade e o tempo de medida fossem suficientes. Para detetar estes ínfimos sinais é necessário que o sistema de medida (neste caso o XENONnT) esteja na sua melhor performance e que sejam usadas técnicas de análise de dados altamente sofisticadas.

O XENONnT foi construído para a deteção direta de matéria escura. Está instalado no laboratório subterrâneo de Gran Sasso, em Itália, debaixo de 1300 metros de rocha, para reduzir os níveis de radiação cósmica drasticamente em relação aos que existem à superfície do nosso planeta. Os resultados anunciados resultam da análise dos dados adquiridos durante dois anos, de julho de 2021 a agosto de 2023.

Este sistema usa como alvo seis toneladas de xénon ultra-purificado. «Uma radiação ao passar pelo alvo pode gerar, em geral, sinais ínfimos de luz e carga. A esmagadora maioria destes sinais (mais de 99,99%) devem-se a radiações de origem conhecida, o que permite aos cientistas calcular com grande precisão o número de eventos esperados», diz José Matias-Lopes, investigador do LIBPhys da FCTUC e coordenador da equipa portuguesa.

Para medir eventos tão raros como os dos neutrinos e os da matéria escura o requisito mais importante é que o alvo tenha o nível mais baixo possível de radiação (radiação de fundo), para que possa distinguir o que se pretende medir, «é muito mais difícil do que encontrar uma agulha não num, mas em mil palheiros», ilustra José Matias Lopes.

Para conseguir alcançar tal meta tecnicamente tão exigente, todos os tipos de fontes de radiação contam, a presente no próprio alvo de xénon e a que provém dos materiais de que é construído o XENONnT. «Para lidar com a mais difícil de todas, a primeira, a colaboração XENON conseguiu reduzir o nível de contaminação com o elemento radão para níveis sem precedentes graças a uma coluna de destilação com 5,5 metros de altura, especialmente desenvolvida para o efeito por esta colaboração», explica o investigador, acrescentando que «todos os materiais usados no XENONnT foram cuidadosamente selecionados (até o mais pequeno dos parafusos) para terem o mais baixo nível possível de radiação».

O alvo do XENONnT é o local do planeta Terra com a menor radiação de fundo de toda a história da Humanidade, permitindo levar a cabo estudos de um grande número de fenómenos particularmente raros tais como a interação de axiões solares, de neutrinos com momento magnético anómalo, de partículas análogas aos axiões, etc.

Embora prevista desde 1974, a CEvNS dos neutrinos solares foi um enorme desafio de deteção não só pela extrema dificuldade em registar este tipo de partículas, mas também pelas muito baixas energias depositadas aquando a sua interação num detetor. Só em 2017 foi possível fazer a primeira medida deste tipo de interação, embora com neutrinos de energia muito mais alta provenientes de um acelerador em Oak Ridge (Tennessee, EUA).

Agora, e pela primeira vez, o XENONnT consegue medir os neutrinos solares pela CEvNS num alvo de xénon, juntando-se à lista de famosas experiências concebidas expressamente para o registo de neutrinos solares (por outros canais de interação) e que, notavelmente, usam todas alvos com massas dezenas ou centenas de vezes mais massa superiores à do XENONnT.

O ultrabaixo nível de radiação de fundo do XENONnT aliado à sua capacidade para detetar energias muito baixas permitiu este feito científico. A medida foi obtida com 2,72 desvios padrões de confiança o que significa que há uma certeza de 99,65% no sinal registado ser de neutrinos solares resultantes de reações nucleares de Boro-8. É a primeira vez que se mede deste tipo de neutrinos provenientes de uma fonte extraterrestre.

Este resultado obtido pelo XENONnT abre ainda uma nova era na senda da matéria escura ao iniciar a deteção do denominado nevoeiro de neutrinos, onde estes coexistem com a matéria escura, que por serem quase indistinguíveis dificulta a deteção deste último tipo de partículas.

Fonte: Universidade Coimbra

“Desporto: SINES CORRE MAIS REGRESSA A 28 DE SETEMBRO”


EVENTO INTEGRA SINES TRIATHLON

 

Por: Rita Eustáquio           

Fotos: HMS SPORTS | Paulo A. Lopes

No último fim-de-semana de setembro, todos os caminhos vão dar a Sines. A iniciativa solidária Sines Corre Mais realiza-se a 28 de setembro, com organização da HMS Sports e Associação Desportiva + Inclusão, em parceria com a Câmara Municipal de Sines. A terceira edição do evento reúne corrida de 10 km e caminhada de 5 km na tarde de sábado, antecipando as emoções do Sines Triathlon, o qual se estreia no dia 29.

 

SINES CORRE MAIS

 

Com duas edições realizadas e mais de 26.000€ angariados, que permitiram atribuir 30 bolsas desportivas a crianças e jovens de Sines com carência económica comprovada, regressa, a 28 de setembro, a prova solidária Sines Corre Mais. Este ano, realiza-se à tarde, pelas 18h00, com a corrida de 10 km, para atletas com 18 ou mais anos, e a caminhada de 5 km, aberta a pessoas de todas as idades. A praia Vasco da Gama é o ponto central da partida e chegada.

 

Mantendo o carácter solidário, 1€ de cada inscrição irá reverter para a Associação Desportiva

+ Inclusão, com o intuito de atribuir novas bolsas desportivas. Até 31 de agosto, o valor da inscrição nos 10 km é de 8€, enquanto nos 5 km é de 5€. Os percursos podem ser consultados no sítio do evento: www.sinescorremais.pt 

 

PROGRAMA

 

27       setembro: 14h00 às 18h00: Entrega de kits - Edifício Docapesca – Porto de Pesca de Sines

 

28       setembro:

10h00 às 17h00: Entrega de kits - Edifício Docapesca – Porto de Pesca de Sines 18h00: Partida Corrida 10 km + Caminhada 5 km

19h00: Cerimónia de Pódio 20h00: Encerramento

                                   

 

FIM-DE-SEMANA DESPORTIVO

 

Este ano, a organização do evento Sines Corre Mais pertence à HMS Sports e à Associação Desportiva + Inclusão, com o apoio da autarquia local, e a prova insere-se no Sines Triathlon, o qual se estreará domingo, dia 29.

 

O Sines Triathlon é uma iniciativa da HMS Sports e da Câmara Municipal de Sines, em parceria com o Triatlo Vasco da Gama, que desafia os triatletas para 2 km de natação, 80 km de ciclismo e 18 km de corrida. Serão 100 km de pura emoção, com início na Praia da Baía de Sines e chegada no Passeio Vasco da Gama. Neste momento, o evento conta com mais de 550 inscritos. https://sinestriathlon.pt

No último fim-de-semana de setembro, todos os caminhos vão dar a Sines!

SINES CORRE MAIS:

Sítio oficial do evento: www.sinescorremais.pt

Fonte: HMS SPORTS CONSULTING

“Desporto: Paris2024: Ana Cabecinha vai para 20 km marcha certa de que terá prémio na meta”


Por: Miguel Hugo Cruz

Foto: Luís Forra

Fonte: Lusa

À partida para os 20 quilómetros marcha dos Jogos Olímpicos Paris2024, a aleta portuguesa Ana Cabecinha já saberá que vai ter o prémio mais desejado na meta, quando se reencontrar com o filho recém-nascido, confessou a marchadora.

Ana Cabecinha, porta-estandarte da Missão portuguesa, juntamente com o canoísta Fernando Pimenta, falou à agência Lusa das perspetivas que tem para Paris2024 durante um treino realizado em Vila Real de Santo António, onde procura recuperar ao máximo os índices físicos, depois de em outubro ter sido obrigada a reformular toda sua preparação quando soube que estava grávida.

Apesar de ter conseguido treinar quase toda a gravidez e de ter adaptado todo o treino às obrigações que tem para com o filho, nascido no início de maio, Ana Cabecinha sabe que não vai estar na luta por grandes resultados ou marcas, mas olha para a prova dos 20 quilómetros marcha de Paris2024 com o foco na meta, onde terá à sua espera o marido e o bebé Lourenço.

“Essa vai ser a maior motivação para cortar a meta, porque a minha preparação não foi de todo a ideal para fazer um grande resultado. Mas estou a fazer de uma forma mais motivada, porque sei que no final vou ter a minha medalha deste ano, que vai ser o meu filho no final, na linha de meta”, afirmou.

A marchadora, de 40 anos, recebeu a notícia da gravidez com um misto de “choque” e de “grande felicidade” e, a partir de então, teve de fazer uma preparação “totalmente diferente” da que estava planeada desde a pré-época para lhe permitir lutar por bons resultados nos Jogos.

A atleta reconheceu que “é um desafio enorme” cuidar do filho e reformular todo o treino em função das suas necessidades, mas frisou que tem “um bebé tranquilo”, que a “deixa treinar”, assim como “um suporte e um apoio” que lhe permitem trabalhar “descansada”, sabendo que o recém-nascido fica “bem cuidado”.

“Mas, claro, que no treino estou sempre desejando que acabe para ir para perto do meu filhote”, reconheceu, revelando que parte para a capital francesa no dia 26, com o bebé e o marido, “que vai ficar com o filho” enquanto treina e faz a prova, embora os colegas de comitiva e a família, que também vai estar em Paris, lhe garantam mais um “grande suporte e um grande apoio familiar”.

Sobre a sua escolha para porta-estandarte da comitiva portuguesa, juntamente com Fernando Pimenta, Ana Cabecinha disse ser “um sonho” realizado, que lhe vai permitir coroar a sua quinta presença em Jogos Olímpicos com a “maravilhosa parte” de erguer a bandeira portuguesa na cerimónia de abertura de Paris2024, onde percorrerá os 20 quilómetros marcha, em 01 de agosto, sem tanta pressão.

“Mas o resultado é o menos, neste momento. É acabar estes quintos Jogos Olímpicos de uma forma diferente, sem pressão, e pela primeira vez acho que vou desfrutar dos Jogos Olímpicos dessa forma, porque os outros Jogos foram claro para lutar pelo melhor resultado, por grandes lugares e grandes marcas, e este ano não é isso que é o principal objetivo”, justificou.

Paulo Murta, treinador de Ana Cabecinha, explicou que, desde que foi conhecida a gravidez da atleta, “tudo foi diferente” e foi necessário adaptar o treino no período pré-parto, com uma equipa de fisiologia que lhe permitiu trabalhar até perto do nascimento do bebé, mas também no pós-parto, sem realizar o habitual estágio em altitude e garantindo uma recuperação o mais rápida possível de uma cesariana realizada há apenas cerca de dois meses.

“A Ana está preparada bem, mas não otimamente, é impensável pensar que a Ana irá bater o recorde pessoal ou ser finalista, ou andar nas 20 [primeiras], temos de ser realistas, mas o que a gente pretende é que a Ana tenha uma participação digna, condigna do historial dela”, disse Paulo Murta.

A marchadora, que vai para a quinta presença olímpica nos Jogos que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, conseguiu diplomas em três das quatro presenças anteriores: foi sexta classificada no Rio2016 e oitava em Londres2012 e Pequim2008, acabando no 20.º lugar em Tóquio2020.

“Cultura: ESCRITOS DE GARCIA LORCA INSPIRAM PRÓXIMO ESPETÁCULO DA "TEMPORADA DARCOS"


Visiones, concerto baseado em escritos de Garcia Lorca, é o próximo espetáculo que será apresentado no âmbito da “Temporada Darcos”. Será levado ao palco do Teatro-Cine de Torres Vedras no próximo dia 19 de julho, pelas 21h30.

“Ciclicamente, somos fustigados por ventos oscilantes, onde as raízes que nos prendem à mundividência parecem soltar-se. Oscilamos, qual barca à deriva, sem norte, sem vento, sem maré. É o caminho da incerteza, de sombras oblíquas, povoado de visões e espetros. Até onde caminhamos?”. Federico García Lorca (1898-1936), figura maior da lírica castelhana do século XX, refletiu na sua obra este sentir inquietante, sendo por essa razão a mesma impregnada de visões poético-musicais de paixão e morte, de premonições, de desenganos, num arrebatamento desconcertante sem paralelo na história da poesia ocidental. Disso é exemplo o Divã de Tamarit, coletânea de 21 poemas escritos durante os verões de 1931 a 34, na Huerta de San Vicente, a casa familiar de veraneio de Lorca, às portas de Granada. Os poemas dessa coletânea dividem-se em 12 gazeis e 9 casidas, formas poéticas da herança árabe granadina (divã é o termo para, justamente, uma coleção de gazeis e casidas).

Visiones, um novo ciclo de canções de Nuno Côrte-Real (1971), em estreia absoluta, parte precisamente de sete poemas do Divã de Garcia Lorca: os gazeis Del amor imprevisto, Del amor desesperado, Del amor maravilloso e Del niño muerto; e as casidas De la mujer tendida; De la muchacha dorada e De las palomas oscuras. Como motivo unificador, em Visiones é interpretado o tema do 1.º andamento do trio op. 97 de Beethoven (1770-1827), uma idée fixe que percorre a atmosfera elegíaca do ciclo de canções apresentado, encerrando-o. Do programa de Visiones fazem ainda parte dois corais de J.S. Bach (1685-1750), pontos de referência no horizonte obscuro da lírica de Lorca, nas palavras de Côrte-Real. São espetros poético-musicais, onde a dignidade, e a sua ausência, amor e morte, vão para além do surrealismo lírico, em jeito de apaziguamento pétreo.

Visiones foi projetado para a voz caleidoscópica de Maria Mendes (1985), figura aclamada do jazz europeu. O concerto será dirigido por Nuno Côrte-Real e levado a cabo pelo grupo Ensemble Darcos, que será constituído na ocasião por: Francisco Lima Santos (violino), Paula Carneiro (violino), Reyes Gallardo (viola), Filipe Quaresma (violoncelo), Domingos Ribeiro (contrabaixo), Sónia Pais (flauta), Marco Fernandes (percussão), Hélder Marques (piano) e Ana Ester Santos (harpa).

 

O programa de Visiones é o seguinte:

 

I. Preludio

II. Del amor maravilloso

II. Del niño muerto

IV. Coral I

V. De la mujer tendida

VI. Del amor desesperado

VII. De las palomas oscuras

VIII. Coral II

IX. De la muchacha dorada

X. Del amor imprevisto

XI. Posludio

O preço dos bilhetes para se assistir a Visiones no Teatro-Cine de Torres Vedras é de cinco euros. O espetáculo será apresentado de novo no dia 20 de julho, pelas 21h30, no Cistermúsica - Festival de Música de Alcobaça.

 

Sobre Maria Mendes

 

Nascida em Portugal e residindo atualmente na Holanda, a cantora e compositora Maria Mendes foi quatro vezes nomeada ao Grammy Americano e Latino pelo seu universo musical vibrante e virtuoso residente na fusão do jazz com outras estéticas diversas. Aclamada pela prestigiante revista de jazz DownBeat como "uma cantora de jazz da mais alta ordem", e com um “futuro promissor” vaticinado por Quincy Jones, viu o seu mais recente trabalho - Saudade, Colour of Love (um casamento perfeito entre o jazz e o fado) - ser eleito melhor álbum de jazz de 2022 pela Downbeat, Jazziz, Jazzthing, Jazzwise e Jazzsism.

Com quatro álbuns a solo, Maria Mendes gravou e colaborou em palco com músicos e orquestras de renome internacional: Metropole Orkest, Anat Cohen, John Beasley e a Brussels Jazz Orchestra. Encantou plateias em contextos como o renomado Concertgebouw e o Bimhuis e os festivais de jazz North Sea e Montreux.

Até à data, Maria Mendes teve a honra de: ser a primeira artista de jazz portuguesa a receber quatro nomeações ao Grammy Americano e Grammy Latino na categoria de Melhor Arranjo Musical; vencer o prémio holandês Edison Jazz em Melhor Álbum Vocal de Jazz com o seu álbum Close to Me; ser convidada por Wayne Shorter e John Beasley para estrear na Alemanha a peça de jazz sinfónica contemporânea Gaia; encabeçar o cartaz do icónico Blue Note Jazz Club de Nova Iorque; e ter a sua canção Inverso (com a participação de Anat Cohen) a integrar a banda sonora da telenovela Ouro Verde, vencedora do Emmy internacional.

Maria Mendes estudou em Nova Iorque, Bruxelas, Porto e Roterdão, tendo nesta última cidade completado o mestrado em Jazz Vocal. Colabora ativamente com as seguintes universidades de música europeias: Codarts, Conservatorium Maastricht, Artez, ESMAE e Universidade Lusíada de Lisboa.

 

Sobre a “Temporada Darcos”

 

A “Temporada Darcos" constitui-se como uma iniciativa singular no panorama musical nacional, na qual se divulga a música clássica segundo as suas diversas abordagens e matizes estilísticas, sendo dirigida pelo compositor e maestro torriense Nuno Côrte-Real. Os espetáculos desta temporada são na sua maioria interpretados pelo grupo Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados grupos de música de câmara portugueses da atualidade, o qual é dirigido também por Nuno Côrte-Real e apresenta uma formação que varia consoante o programa de concerto. De realçar que têm participado nos concertos da “Temporada Darcos” aclamados solistas e orquestras nacionais e internacionais, bem como proeminentes figuras do panorama musical nacional como comentadores. Sendo coorganizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pela Darcos - Associação Cultural, a “Temporada Darcos” tem como ponto de partida o concelho de Torres Vedras. Em 2024 tem a sua 17.ª edição.

Fonte: Câmara Municipal Torres Vedras