Por: Lídia Paralta Gomes
Fotos: FRANCK FIFE/Getty -
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Marie Hessel/EPA
A edição de 2025 promete ser a
mais difícil desde que o Dakar se mudou para a Arábia Saudita e há muitos
portugueses a percorrer as montanhas, dunas e desertos do país do Médio Oriente
até 17 de janeiro. A navegação será essencial numa prova em que Carlos Sainz
(carros) e Ricky Brabec (motos) defendem os títulos conquistados em 2024.
Pelo 6.º ano consecutivo o Dakar vai percorrer estradas, montanhas, desertos e dunas da Arábia Saudita, mas a edição de 2025 promete dureza inaudita desde que o mais famoso rally raid do planeta se mudou para terras do Médio Oriente. Serão quase 8 mil quilómetros a percorrer em 12 etapas ao longo de 14 dias, numa aventura que vai envolver mais de 300 equipas e que terminará em Shubaytah.
David Castera, o francês que é
diretor do rali desde 2019, assumiu a vontade expressa de muitos dos
participantes em endurecer ainda mais a prova. A primeira metade do percurso,
no sudoeste do país, na zona da cidade de Bisha, onde esta sexta-feira já teve
lugar o prólogo, fica marcada, já no domingo e segunda-feira, por uma etapa de
48 horas, num total de 1.058 quilómetros, dos quais 967 serão cronometrados.
Depois de arrancarem, os
pilotos terão seis locais de descanso onde poderão parar no final do primeiro
dia, antes de se meterem novamente à estrada para as últimas 24 horas. As
dificuldades dos primeiros dias não ficam por aí: a etapa-maratona, em que os
participantes não poderão ter qualquer ajuda mecânica, acontece logo dois dias
depois, na quarta-feira, na zona vulcânica entre Al Henakiyah e Alula, a
caminho do norte da Arábia Saudita.
Depois do descanso da caravana, na próxima sexta-feira, chega o imenso deserto de Rub’ al-Khali, um dos maiores do planeta e também conhecido por Deserto do Bairro Vazio. A resistência e a boa navegação serão, aqui e ao longo de toda a prova, essenciais, mais essenciais do que em outras edições do Dakar, já que outra das novidades em 2025 é que várias etapas terão um percurso diferente para motos e carros, pelo que as marcas no terreno deixadas pelas duas rodas dos motociclos deixarão de ajudar os veículos de quatro rodas. Uma boa leitura do roadbook, agora também disponível em versão digital, pode separar a glória do fracasso.
Mais de
duas mão cheias de portugueses
Estarão demasiado longe os
tempos em que os portugueses eram assíduos vencedores de etapas nas principais
categorias do Dakar, com as mais recentes vitórias a surgirem, nos dois últimos
anos, na categoria SSV, de veículos ligeiros. Hélder Rodrigues, nas motos,
continua a ser o mais triunfador, com nove vitórias de etapas, entre 2007 e
2016. Desde 2022 que Portugal não tem uma vitória nos carros ou motos: o último
foi o motard Joaquim Rodrigues.
O que não retira o entusiasmo
aos portugueses: mais de duas dezenas de pilotos, navegadores e chefes de
equipa estarão na Arábia Saudita nas próximas duas semanas, com diferentes
ambições. Nas motos serão quatro os portugueses: Rui Gonçalves (Sherco), António
Maio (Yamaha), Bruno Santos (Husqvarna) e Gad Nachmani (KTM), israelita de
origem, mas que corre com licença portuguesa. Sebastian Buhler (Hero) correrá
com licença alemã, mas é um piloto formado nas nossas estradas.
A presença portuguesa nas
motos será mais relevante para as contas da vitória final nos bastidores da
corrida. A Hero terá Joaquim Rodrigues como diretor-desportivo, mesmo cargo que
Rúben Faria há muito tem na Honda. Os dois construtores estarão na luta pelo
triunfo.
Nos carros, haverá apenas uma equipa portuguesa, com João Ferreira e o navegador Filipe Palmeiro (Mini). O também navegador Paulo Fiúza fará a sua 16.ª participação, mas agora nos camiões, na equipa com Vaidotas Zala e Max Van Grol, num Iveco.
É nos veículos ligeiros, os
chamados “aranhiços”, que Portugal terá o seu maior contingente de
participantes. Na categoria Challenger estarão as equipas constituídas por
Mário e Rui Franco, Pedro Gonçalves e Hugo Magalhães, Luís Portela Morais e
David Megre, Ricardo Porém e Nuno Sousa e Maria Gameiro e José Marques - Maria
Gameiro traz o regresso das mulheres portuguesas ao Dakar depois de Elisabete
Jacinto. Além destes, Gonçalo Guerreiro e Rui Carneiro correm com navegadores
estrangeiros.
Nos SSV, Portugal estará
representado por Alexandre Pinto e Bernardo Oliveira, João Monteiro e Nuno
Marques, João Dias e João Miranda, com Jorge Brandão a fazer parte, como
navegador, da equipa com o espanhol Carlos Vento.
Paulo Marques, primeiro motard
português a ganhar uma etapa no Dakar, em 1997, regressa à prova na vertente
M1000, extracompetição, uma categoria para veículos que usam energias
alternativas.
Os
favoritos. E o ausente
A saída do projeto Audi do
Dakar deixou a maior lenda do rali sem volante para 2024. Stephane Peterhansel,
que até começou por ser campeão de skate nos seus tempos de juventude, é
recordista de vitórias tanto em motos (seis triunfos), como em carros (oito) e
pela primeira vez desde 1995 não vai estar à partida do Dakar.
O que não mudará em muito a
lista de favoritos. Carlos Sainz, outro dos lesados do abandono da Audi,
encontrou casa na Ford e vai tentar revalidar o título conquistado há um ano.
Uma vitória à chegada a Shubaytah seria a 5.ª para o veterano espanhol, que
igualaria assim Nasser Al-Attiyah, que é outro dos nomes fortes da edição de
2025, agora no novíssimo Dacia Sandrider. Sébastien Loeb (Dacia), ainda à
procura de um primeiro triunfo no Dakar depois dos nove vitórias consecutivas
no Mundial de Ralis, também está nos candidatos.
Nas motos, o norte-americano
Ricky Brabec (Honda) defende o título, com a marca indiana Hero a surgir em
2025 com ambições de chegar a uma primeira vitória, com Ross Branch, piloto do
Botswana, a encabeçar uma lista de favoritos onde também estão Pablo Quintanilla
(Honda) e Kevin Benevides (KTM).
Fonte: Tribuna