domingo, 12 de janeiro de 2025

“Guerreiro foi o melhor luso e três lusos desistem na sétima etapa do Dakar”


Por: António Gonçalves Rodrigues

Foto: Gerard Laurenssen/EPA

Al-Duwadimi, Arábia Saudita, 12 jan 2025 (Lusa) – Gonçalo Guerreiro (Red Bull) foi o melhor piloto português na sétima etapa da 47.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, que se disputa até dia 17 na Arábia Saudita, 'madrasta' para três portugueses.

Luís Portela de Morais (GRally), Ricardo Porém (MMP) e António Maio (Yamaha) foram forçados a abandonar.

Já o piloto da equipa júnior da Red Bull terminou na 30.ª posição da geral, quarto da categoria Challenger, de veículos ligeiros, a 30.51 minutos do vencedor, o brasileiro Lucas Moraes (Toyota) e imediatamente à frente de João Ferreira (MINI), que foi 31.º.

Nos Challenger, Gonçalo Guerreiro foi quarto, a 4.46 minutos do vencedor do dia, o norte-americano Cobin Leaverton (Red Bull), e manteve o segundo lugar da classificação da categoria para protótipos entre os veículos ligeiros.

Luís Portela Morais (GRally), da mesma categoria, foi forçado a desistir com problemas mecânicos logo após a partida para a etapa de hoje, com 419 quilómetros cronometrados, em redor de Al-Duwadimi.

“É um sentimento de enorme frustração de incapacidade nem sei bem descrever. O mais importante é que eu e o [navegador] David Megre estamos bem e fizemos tudo para conseguir continuar”, escreveu Portela de Morais nas redes sociais.

Também Ricardo Porém (MMP) se viu fora de prova, depois de ter tido problemas mecânicos na etapa da véspera. O piloto de Leiria chegou ao acampamento só esta manhã, já com a sétima etapa em andamento.

Rui Carneiro (GRally) foi nono, Mário Franco (Franco Sport) 12.º e Maria Luís Gameiro (X-Raid) 35.ª. Na geral, Gonçalo Guerreiro é segundo classificado, a 30.37 minutos do líder, o argentino Nicolas Cavigliasso (BBR), Mário Franco é 18.º, Maria Luís Gameiro 28.ª e Rui Carneiro 34.º.

Nos SSV, para veículos ligeiros derivados de série, o melhor representante nacional foi hoje João Monteiro (South Racing), na quinta posição, a 13.34 minutos do vencedor, o argentino Jeremias Ferioli (Can-Am). João Dias (Santag) foi 11.º e Alexandre Pinto (Old Friends) o 12.º.

Na geral, Pinto mantém o quarto lugar, a 2:39.29 horas do comandante, o norte-americano Brock Heger (RZR). João Monteiro é, agora, o 10.º, apesar dos problemas elétricos sofridos nas primeiras etapas. João Dias é 24.º.

Já na categoria principal dos automóveis, a Ultimate, o único representante nacional, João Ferreira (MINI) teve hoje um dia menos positivo depois do segundo lugar da véspera.

O piloto natural de Leiria, de 25 anos, era o segundo a partir para a pista, pelo que sentiu mais dificuldades de navegação, até porque a etapa de hoje tinha percursos diferentes para os carros e as motas.

A somar a isso, um erro no roadbook [livro com as indicações do percurso] fornecido pela organização fez com que cerca de uma dezena de concorrentes andassem algum tempo perdidos por volta do quilómetro 150, incluindo o piloto português.

A organização acabou por reconhecer o erro e devolver o tempo perdido.

Lucas Moraes acabou por vencer, com 7.41 minutos de vantagem sobre o sueco Mattias Ekstrom (Ford) e 9.28 sobre o norte-americano Mitchel Guthrie (Ford).

João Ferreira perdeu 30.55 minutos, mas mantém o nono lugar que ocupava à partida da etapa. O português está, agora, a 1.58,25 do líder, o sul-africano Henk Lategan (Toyota), que hoje viu os adversários aproximarem-se perigosamente. O saudita Yazeed Al-Rajhi (Toyota) está agora a 21 segundos, com Ekstrom a 10.25 minutos. Al-Attiyah é o quarto, a 21.57.

Nas motas, o australiano Daniel Sanders (KTM) voltou a vencer uma etapa, a quarta deste ano, incluindo o prólogo.

Rui Gonçalves (Sherco) foi o melhor português, na oitava posição, a 8.46 minutos de Sanders. Outro herói do dia foi o espanhol Edgar Carnet (KTM), estreante de apenas 19 anos, que terminou na segunda posição, a 3.36 minutos de Sanders. O espanhol Tosha Schareina (Honda) foi terceiro, a 3.47.

Bruno Santos (Husqvarna) foi 37.º num dia em que se viu confirmado o abandono de António Maio, devido a problemas na embraiagem da sua Yamaha no decurso da sexta etapa, no sábado.

“Não era isto que eu queria dizer, mas de facto esta aventura para nós terminou e de que maneira. A etapa de ontem (sábado) era mesmo muito longa e começou logo com uma avaria ao quilómetro dois, com uma vela partida. O Mário Franco trouxe-me a vela, mas quando ele chegou já tinham passado bem mais de duas horas. Parti e o receio passou a ser terminar a etapa de noite. Tentei vir o mais rápido possível e estava a rolar bem quando, por volta do km 550, já de noite e a faltarem 50 para terminar a especial, fiquei sem embraiagem. No meio do nada onde eu estava, não havia nada a fazer e começou a outra parte da aventura”, contou António Maio esta manhã depois de ter chegado a Al Duwadimi.

O piloto alentejano, militar da GNR, teve de passar a noite no deserto saudita, só conseguindo regressar ao acampamento esta manhã.

“Um helicóptero [da organização] atirou-nos um saco de comida e água, para mim e para um indiano que também tinha ficado próximo. Tivemos de procurar os mantimentos de noite e encontramos tudo espalhado no meio das dunas. Depois foram mais duas horas à espera do camião vassoura. Seguiram-se mais de 16 horas no camião à procura de caminho para aqui, no meio daquelas dunas. Foi uma noite sem dormir nada, mas já cá estou, a mota já aqui está”, contou ainda.

Na geral, Sanders tem, agora, 15.33 minutos de vantagem sobre Tosha Schareina, da equipa Honda gerida pelo português Ruben Faria, e 26.07 sobre o francês Adrien Van Beveren, também da Honda.

Rui Gonçalves subiu ao 13.º, a 2:21.38 horas. “Foi mais um dia longo mas senti-me bem desde o início, com um ritmo muito rápido em algumas secções. Também houve muita navegação, pelo que era essencial manter-me concentrado”, disse o piloto transmontano, que rodou “sozinho na maior parte do tempo”.

Nos camiões, o lituano Vaidotas Zala (Iveco), navegado pelo português Paulo Fiúza, foi segundo classificado, a 09.34 minutos do vencedor, o checo Ales Loprais (Iveco). Na geral, Fiúza é oitavo.

Segunda-feira, os pilotos enfrentam 739 quilómetros entre Al-Duwadimi e Riade, capital da Arábia Saudita, 487 deles cronometrados.

Fonte: Lusa

“Cientistas identificam zona do cérebro que pode induzir o envelhecimento”


Foto: © gorodenkoff

Uma das investigadoras envolvidas nos trabalhos considera que o estudo aponta as base para o desenvolvimento de novas intervenções dietéticas ou farmacológicas para combater o envelhecimento celular e manter a saúde neurológica até uma idade avançada.

Um grupo de investigação norte-americano identificou em ratos mudanças genéticas no cérebro que induzem o envelhecimento, assim como a zona onde essas alterações estarão mais presentes.

Os resultados desta investigação, publicados no dia 1 de janeiro na revista científica Nature, poderão contribuir para o desenvolvimento de terapias para atrasar ou controlar a deterioração das células causada pela idade.

A equipa de investigação, do Instituto Allen para as Ciências do Cérebro, em Seattle, nos Estados Unidos, fez um mapeamento genético de mais de 1,2 milhões de células de 16 regiões do cérebro de ratos jovens (com dois meses) e velhos (com 18 meses), no âmbito de uma iniciativa dos Estados Unidos de investigação dedicada a criar neurotecnologias.

Os ratos partilham várias semelhanças com os humanos em relação à estrutura, função, genes e tipos de células do cérebro.

Ao estudar os cérebros de ratos jovens e velhos, os investigadores conseguiram identificar que há dezenas de tipos de células específicas que sofrem mudanças significativas na sua expressão genética com a idade.

Os genes associados à inflamação aumentam a sua atividade com o envelhecimento, referem os investigadores.

 

Zona do cérebro identificada

 

Além disso, este projeto identificou uma zona específica do cérebro, no hipotálamo, em que se produz de forma intensa tanto a diminuição da função neuronal como o aumento da inflamação.

As mudanças mais significativas foram observadas em células próximas do terceiro ventrículo do hipotálamo, uma zona do cérebro que produz hormonas que controlam, entre outros, a temperatura corporal, a ingestão de alimentos, o uso da energia recebida na comida, o metabolismo e a forma como o corpo utiliza os nutrientes.

De acordo com os investigadores, esta conclusão implica que existe uma ligação entre dieta, estilo de vida, envelhecimento cerebral e mudanças genéticas que podem influenciar uma maior vulnerabilidade a transtornos cerebrais relacionados com a idade.

"A nossa hipótese é que há tipos de células no cérebro que vão ficando menos eficientes com a idade e contribuem para o envelhecimento do resto do corpo", afirmou a primeira autora do artigo científico, Kelly Jin.

A investigadora considera que o estudo aponta as base para o desenvolvimento de novas intervenções dietéticas ou farmacológicas para combater o envelhecimento celular e manter a saúde neurológica até uma idade avançada.

A investigação cujos resultados foram agora publicados está em linha com outros estudos recentes que relacionam o envelhecimento com mudanças metabólicas e que sugerem uma dieta equilibrada para uma melhoria da esperança de vida.

Fonte: SIC Notícias