Foto: Da esquerda para a direita: Cláudia Deus e Laetitia Gaspar, investigadoras da UC.
Duas das quatro bolsas da 20.ª
edição foram atribuídas a investigadoras da Universidade de Coimbra: Cláudia
Deus, do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento; e Laetitia Gaspar, do
Centro de Neurociências e Biologia Celular.
Cláudia Deus e Laetitia Gaspar,
investigadoras da Universidade de Coimbra (UC), foram distinguidas na 20.ª
edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência pela
investigação que têm vindo a desenvolver. As duas investigadoras vão receber
bolsas no valor de 15 mil euros para apoiar o desenvolvimento das suas
investigação sobre a doença de Parkinson e a síndrome da apneia obstrutiva do
sono.
As Medalhas de Honra L’Oréal
Portugal para as Mulheres na Ciência são uma iniciativa da L’Oréal Portugal, em
parceria com a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a
Tecnologia, com a missão de promover a participação das mulheres na ciência,
incentivando as mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, a
realizarem estudos avançados na área das Ciências, Engenharias e Tecnologias
para a Saúde ou para o Ambiente.
A investigadora do Instituto
Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA-Portugal), Cláudia Deus, tem dedicado a
sua investigação à procura de respostas para melhorar terapias e aprofundar
conhecimento sobre a doença de Parkinson. Em estudos anteriores, Cláudia Deus
demonstrou que as alterações metabólicas e mitocondriais características da
degeneração dos neurónios dopaminérgicos observadas em doentes com Parkinson
também estão presentes nas suas células da pele. Adicionalmente, também
conseguiu demonstrar que a expressão do gene Nrf2 um gene capaz de regular,
direta e indiretamente, cerca de 250 outros genes envolvidos nos mecanismos de
defesa das células ao stress oxidativo está diminuída na doença de Parkinson.
Neste projeto, propõe-se a
testar as vesículas extracelulares como um novo “meio
de transporte e entrega” do
mRNA sintético codificando para o gene Nrf2 em células. “As vesículas extracelulares são vesículas nanométricas
(com cerca 100 nm) libertadas por todas as células do nosso corpo e são
responsáveis pela transmissão de informação biológica entre células”,
explica a investigadora do MIA-Portugal. Se este sistema de entrega inovador
for bem-sucedido poderá alterar a progressão da doença de Parkinson.
Já a investigadora do Centro
de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC), Laetitia Gaspar, tem vindo
a estudar a relação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono, o processo
de envelhecimento e o desencadear de várias doenças como a hipertensão, as
doenças cardiovasculares, a diabetes e a depressão, entre outras observadas
quando esta perturbação do sono não é tratada. “Pretendemos
estudar diferentes tipos de alterações relacionadas com o processo de
envelhecimento em amostras de sangue de doentes com apneia do sono, em
comparação com indivíduos sem a doença”, explica a investigadora
do CNC-UC, que vai também avaliar como estas alterações respondem ao tratamento
com máscara de pressão positiva continuada, o tratamento mais comum no contexto
da apneia do sono.
Laetitia Gaspar propõe-se
ainda a explorar potenciais indicadores da existência desta doença que possam
ser detetados no sangue. Se for possível determinar estes biomarcadores podem
vir a ser desenvolvidas novas estratégias de diagnóstico e de acompanhamento
dos doentes. O estudo destes bioindicadores e o conhecimento de como evoluem
após iniciada a terapêutica pode vir a dar informação sobre a eficácia do
tratamento.
Este ano as medalhas foram
também atribuídas a Sara Silva Pereira, do Centro de Investigação Biomédica da
Universidade Católica Portuguesa, e a Mariana Osswald, do Instituto de
Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto.
As quatro investigadoras
distinguidas já doutoradas e com idades entre os 31 e os 37 anos foram
selecionadas entre várias dezenas de candidatas pela relevância dos seus
projetos apresentados em 2023. Cada uma é reconhecida com um prémio individual
de 15 mil euros.
Fonte: Universidade de Coimbra