terça-feira, 12 de março de 2024

“Saúde: O Ozempic e o Mounjaro podem tratar a inflamação e outras doenças.?”


O Ozempic, um medicamento administrado por via injetável, imita uma hormona natural fabricada pelo organismo com uma grande variedade de efeitos, deste estimular a libertação de insulina, abrandar a digestão, diminuir o apetite e até reduzir o interesse do cérebro na comida.

O Ozempic, o Mounjaro e outros medicamentos semelhantes têm dominado as parangonas nos últimos anos, à medida que os estudos iam mostrando a sua eficácia no tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade. Agora, um novo estudo revela que esta classe de fármacos, conhecida como agonistas do GLP-1, também pode reduzir a inflamação no organismo. Essa descoberta sugere que poderão ser úteis no tratamento de um vasto leque de doenças, nomeadamente Alzheimer e Parkinson, ou pelo menos inspirar a investigação de novas formas de tratar doenças neurodegenerativas ou auto-imunes.

O novo estudo, publicado em Dezembro na revista Cell Metabolism, sugere que uma das principais formas como os fármacos actuam é induzindo o cérebro a enviar sinais para reduzir a inflamação em todo o organismo.

Isto tem “vastas implicações”, em parte devido ao uso generalizado destes fármacos, diz Mike Schwartz, endocrinologista da Universidade de Washington, em Seattle, que não participou no estudo. Pensamos em utilizar estes fármacos para tratar a obesidade e a diabetes tipo 2, mas talvez existam outras formas de utilização, diz Schwartz.

A inflamação é a resposta do sistema imunitário às ameaças sentidas pelo organismo. Um bom tipo de inflamação é quando o sistema imunitário se prepara para combater um patógeno, como uma bactéria ou um vírus, mas as doenças metabólicas, como a diabetes tipo 2 e a obesidade, envolvem uma inflamação não-saudável que pode danificar os tecidos. “Precisamos da inflamação boa para combater as infecções”, diz o autor sénior do estudo Daniel Drucker, endocrinologista do Instituto de Investigação Lunenfeld-Tanenbaum e da Universidade de Toronto, no Canadá. “Mas não queremos que a inflamação persista ao longo do tempo, sobretudo se tivermos esses problemas metabólicos, porque vai causar complicações cardíacas, diabetes e obesidade”.

Há muito que se sabe que a inflamação diminui quando as pessoas tomam agonistas do GLP-1, mas ninguém sabia como ou porquê.


 

Para além da perda de peso e da diabetes

 

GLP-1 significa Peptídeo Semelhante ao Glucagon-1, uma hormona natural fabricada pelo organismo que tem uma vasta gama de efeitos, incluindo estimular a libertação de insulina, abrandar a digestão, diminuir o apetite e até reduzir o interesse do cérebro em comida.

Os fármacos agonistas do GLP-1 que imitam esta hormona como o Ozempic e o Mounjaro foram inicialmente desenvolvidos para tratar a diabetes tipo 2, mas ensaios clínicos posteriores revelaram o seu potencial para tratar a obesidade. O Ozempic, cujo ingrediente activo é o semaglutide, foi mais tarde aprovado como Wegovy para tratar a obesidade, e o Mounjaro, cujo ingrediente activo é o tirzepatide, foi recentemente aprovado sob o nome Zepbound para tratar a obesidade. Outro agonista do GLP-1 utilizado neste estudo, denominado exenatide, é um medicamento para a diabetes conhecido pelos nomes de marca Bydureon e Byetta. Os ensaios clínicos continuar a explorar a forma como estes fármacos podem ser úteis para outras condições.

Por exemplo, um grande estudo realizado no final de 2023 revelou que o semaglutide reduz o risco de ataques cardíacos, AVCs e morte cardiovascular. Outros ensaios demonstraram que o semaglutide pode melhorar a doença do fígado gordo e a doença renal crónica. Há outros ensaios clínicos em curso para investigar os efeitos dos agonistas do GLP-1 em doenças como a depressão, perturbação alcoólica e adição em nicotina, bem como as doenças de Alzheimer e Parkinson.

No entanto, enquanto tentam descobrir as diversas formas como estes fármacos podem afetar diferentes doenças humanas, os investigadores também estão a tentar descobrir como funcionam.

 

Inflamação no organismo

 

Drucker queria descobrir como os agonistas do GLP-1 diminuem a inflamação sistémica no organismo, conforme demonstrado por uma década de investigação.

Os agonistas do GLP-1 funcionam activando os receptores de GLP-1 – proteínas existentes à superfície de determinadas células. Quando estes receptores recebem um sinal da hormona GLP-1, a célula é impelida a completar todas as funções do GLP-1. A maioria das células que possuem muitos receptores de GLP-1 encontram-se no pâncreas – a localização das células que produzem a insulina e no cérebro, que diminui o apetite e controla o sistema de recompensas relacionadas com a comida. No entanto, existem em todo organismo células que também possuem recetores de GLP-1, embora em menos quantidade, e reagem à hormona.

Apesar de estudos recentes terem demonstrado que os agonistas do GLP-1 reduzem o risco de doença cardiovascular, o coração não tem muitos recetores de GLP-1, diz Drucker. Do mesmo modo, apesar de os estudos mostrarem que os agonistas do GLP-1 melhoram a doença hepática e renal, esses órgãos também não têm muitos recetores de GLP-1, levantando questões sobre a forma como os fármacos agonistas do GLP-1 exercem um impacto tão significativo nesses órgãos.

Os glóbulos brancos as células inflamatórias do sistema imunitário – possuem recetores de GLP-1, mas “era evidente que os agonistas do GLP-1 diminuíam a inflamação para além do seu efeito direto sobre os glóbulos brancos”, diz Eva Feldman, neurologista da Universidade do Michigan. Simplesmente não existiam receptores do GLP-1 suficientes nos glóbulos brancos para justificar o quanto esses fármacos reduziam a inflamação.

Enquanto realizava várias experiências, a equipa de Drucker acabou por deduzir que o GLP-1 “deve estar a funcionar, pelo menos parcialmente, de forma indireta”, possivelmente através do sistema nervoso, “porque é o único sistema que temos que é capaz de comunicar com todas as partes do nosso corpo?”, diz Drucker. “É o nosso cérebro e o nosso sistema nervoso. Conseguem enviar sinais para todo lado”.

 

Poderá o cérebro reduzir a inflamação em todo o lado?

 

Para testar essa hipótese, os investigadores começaram por induzir inflamação em ratos. Numa experiência, activaram a inflamação com químicos sintéticos. Noutra utilizaram uma mistura de bactérias. Em seguida administraram exenatide, semaglutide (Ozempic), ou tirzepatide (Mounjaro) aos ratos e mediram as subsequentes diminuições da inflamação causadas por cada fármaco.

Na experiência seguinte, os cientistas criaram diferentes estirpes de ratos através de engenharia genética de modo que não possuíssem recetores de GLP-1 em várias partes do organismo: nos glóbulos brancos, em diversos órgãos e no cérebro.

Mais uma vez, os investigadores induziram a inflamação em cada um dos ratos, administraram-lhes exenatide, semaglutide ou tirzepatide e observaram se os fármacos suprimiam a inflamação. “Quando bloqueámos os recetores de GLP-1 no cérebro”, diz Drucker, “deixámos de conseguir suprimir a inflamação” noutras partes do corpo. Os ratos sem recetores de GLP-1 no cérebro tinham substancialmente mais inflamação do que os outros ratos após a toma do fármaco.

Isso sugere que a ausência de recetores de GLP-1 no cérebro impede os fármacos agonistas do GLP-1 de reduzirem a inflamação tão eficazmente como o fizeram nos outros ratos, que não possuíam recetores noutras células ou órgãos.

A descoberta é surpreendente porque “a perceção geral é que não é assim que a inflamação funciona”, diz Schwartz. As ideias convencionais sobre a inflamação sugerem que o tecido danificado envia sinais dizendo ao sistema imunitário o que fazer e continua a ser provável que isso também aconteça. No entanto, estas descobertas mostram “que o cérebro está a desempenhar um papel e que pode ser um alvo terapêutico”, diz Schwartz.

 

Os passos seguintes

 

Já se sabia que os fármacos agonistas do GLP-1 poderiam reduzir a inflamação de outras formas. Uma delas era diminuindo a glucose e o tecido gordo, uma vez que os níveis elevados de glucose e as células gordas provocam inflamação. Outra devia-se ao facto de os poucos recetores de GLP-1 existentes nos vários órgãos poderem efetivamente desempenhar um papel na equação. No entanto, nenhum destes dois mecanismos era suficiente para explicar a diminuição da inflamação. “Acho que é a terceira peça do puzzle”, diz Drucker. “Talvez parte da explicação se deva ao facto de o cérebro mandar estes outros tecidos e órgãos reduzir a inflamação”.

Drucker permanece cauteloso em relação ao significado destas descobertas. “Não quero fingir que isto é a resposta completa”, diz, mas o estudo “deu origem a uma nova forma de pensar sobre as vantagens do GLP-1 a longo prazo”. Os próximos passos são descobrir como o cérebro reduz a inflamação, talvez através de experiências que, por exemplo, instruam nervos específicos para reduzir a inflamação.

Um estudo do laboratório do neurocirurgião Kevin Tracey publicado no ano 2000, por exemplo, demonstrou que o nervo vago pode desactivar a inflamação. Mas o corpo possui muitas vias nervosas diferentes. “Acho que, ao longo dos próximos anos, vamos ver uma série de experiências adicionais que vão tentar identificar com mais precisão essas vias”, diz Drucker.

Uma das esperanças é que uma melhor compreensão de como os agonistas do GLP-1 reduzem a inflamação no cérebro possa revelar possíveis terapias para doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer. Está bem assente que a inflamação no cérebro contribui, provavelmente, para a doença de Alzheimer, razão pela qual a inflamação se tornou um alvo terapêutico para o tratamento da doença nos últimos anos. “Mas qual a melhor forma de alterar essa inflamação e se essa alteração irá igualmente mudar o desenvolvimento da doença é algo que não se sabe tão bem”, diz Feldman. As descobertas de Drucker “podem ser mesmo boas para as doenças neurodegenerativas, mas o júri ainda não se pronunciou”.

Drucker é igualmente cauteloso no que diz respeito ao significado destas descobertas para o tratamento de condições como a doença de Alzheimer, que há muitos anos escapam a terapias eficazes. Do mesmo modo, embora a inflamação desempenhe um papel na doença de Parkinson, ainda é demasiado cedo para saber se os agonistas do GLP-1 conseguem abrandar a progressão da doença, sobretudo quando os estudos realizados com ratos têm previsto menos bem o sucesso nas áreas da doença neurodegenerativa do que na inflamação e no metabolismo. A implicação mais vasta destas descobertas é que os cientistas podem querer pensar em investigar se o cérebro poderá ser um alvo terapêutico não só para tratar doenças metabólicas, como estados inflamatórios. “Não estou a dizer que funcione”, diz Schwartz, “mas abre bastante essa porta”.

Tal como qualquer boa descoberta científica, diz Tracey, presidente e director executivo dos Feinstein Institutes for Medical Research, em Nova Iorque, o estudo responde a algumas questões, mas levanta muitas mais. “Acho que vai gerar mais interesse quanto a um aspecto relevante: o que mais podemos fazer para saber como isto funciona no tratamento da inflamação e, potencialmente, desenvolver mais ensaios clínicos que possam ajudar muitas pessoas”.

 

Transpondo as descobertas dos ratos para o ser humano

 

Uma das grandes ressalvas do estudo de Drucker é que foi realizado com ratos. “Existe sempre uma lacuna entre aquilo que é possível saber nos seres humanos e aquilo que podemos inferir a partir dos modelos animais”, diz Schwartz. Mas os dados são suficientemente sólidos, afirma, “para se alguém aparecer e disser ‘bem, isso não se aplica ao ser humano’, ser responsabilidade dessa pessoa provar por que não”.

Tracey concorda que alguns estudos com ratos se transpõem melhor para o ser humano do que outros e este é um dos mais transponíveis. “Nos últimos 30 anos, tenho ficado impressionado com a quantidade de coisas que é possível transpor dos ratos para o ser humano nas áreas da inflamação e do metabolismo”, diz Tracey. No entanto, ele e outros cientistas permanecem cautelosos quanto ao que isto significa, especificamente no que diz respeito ao uso de fármacos agonistas do GLP-1. “Ainda estamos a descobrir as vantagens e os riscos de uma nova classe de fármacos”, diz Tracey. “Estas coisas demoram muito tempo antes de compreendemos bem como funcionam e como podemos utilizá-las”.

Fonte: National Geographic

“Cultura: Vitorino e Quarteto | Comemorações dos 50 anos do 25 de abril"


Dia 13 abril – Sábado- 21h30 - Cineteatro São João Entroncamento

 

Por: Guiomar Messias

No dia 13 de abril (sábado), pelas 21h30, o Cineteatro São João, acolhe o concerto de Vitorino e Quarteto, integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril no concelho do Entroncamento.

Vitorino pratica a canção e o palco com a mesma liberdade que aprendeu com aqueles com quem, inicialmente, o partilhou: José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

Com Zeca e Adriano percorreu o país cantando onde lhes era possível, desde as sociedades culturais e recreativas aos palanques improvisados nas terras mais recônditas. A liberdade sempre se fez a cantar.

Vitorino, é uma peça única de história que mantém toda a qualidade e originalidade dos tempos da canção de resistência, bem vivos até hoje, numa atitude de total abertura aos novos tempos, convivendo e colaborando com músicos de estilos diversos e de todas as latitudes.

No ano comemoração dos 50 anos da Revolução de Abril, Vitorino apresenta-se ao vivo por todo o país e onde se queira celebrar a conquista da Liberdade em conjunto com uma das vozes que, antes e após, 1974 a cantou.

Bilhetes a 10€, à venda no Posto de Turismo, Piscinas Municipais, Serviço de Águas da Câmara Municipal, Worten, Fnac, CTT, em www.bol.pt e na bilheteira do Cineteatro São João no dia do espetáculo uma hora antes (caso não esgotem anteriormente).

Fonte: Câmara Municipal Entroncamento

“Cultura: Exposição de Fotografia “Estações Ferroviárias de Portugal”


Das Coleções de Jaime Amaro, José Eduardo Neto da Silva, João Paulo Marques e Ricardo Barradas

 

Por: Guiomar Messias

A Galeria Municipal do Entroncamento, acolhe entre os dias 16 e 28 de março a Exposição de Fotografia “Estações Ferroviárias de Portugal” das coleções particulares de Jaime Amaro, José Eduardo Neto da Silva, João Paulo Marques e Ricardo Barradas. Terá também a colaboração da Fundação Museu Nacional Ferroviário em modelismo, com a Estação de Vila Franca de Xira.

As estações, património ferroviário edificado, existem, ainda, ora no seu formato original, ora com as requalificações próprias da sua modernização, havendo ainda outras que foram completamente demolidas e reconstruídas com novos edifícios.

Em algumas das linhas encerradas ao público, muitos edifícios foram abandonados, estando por isso em estado de degradação acentuado, enquanto outras instituições locais, públicas e particulares, revitalizaram os edifícios para fins culturais ou turístico-culturais (por exemplo, Pinhal Novo, nesta exposição, na sua versão anterior).

A exposição fotográfica será inaugurada no dia 16 de março, pelas 17h00 e poderá ser visitada até ao dia 28 de março, de terça-feira a sexta-feira, das 14h00 às 18h00, e aos sábados, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

Fonte: Câmara Municipal Entroncamento