domingo, 16 de junho de 2024

“42º Festival de Folclore da Casa do Povo de Arcena”


Por: José Morais

Fotos: País Magazine

O folclore é a expressão da vivência das gentes de antigamente quando a sua maneira natural de ser e de estar não era ainda tão marcada por influências que lhes chegavam de fora, em que tais influências eram recebidas, adotadas e aculturadas.

Tradicionalizadas, se quisermos, antes de um tempo em que as mesmas se tornaram tão intensas e numerosas que elas próprias passaram a aculturar as vivências locais comunitárias, a alterá-las e fazê-las desaparecer, como acontece hoje, influência que não se fez sentir em todo o lado ao mesmo tempo, dependendo isso da temporalidade e ritmo de mudança das diversas sociedades; naturalmente diferenciado.


De relembrar que em 1878 o Folclore era reconhecido internacionalmente como “saber tradicional, história não contada de um povo”, primeiro para se referir às tradições, costumes e superstições das classes populares, posteriormente para designar toda a cultura nascida principalmente nessas classes, e porque a definição unitária se tornava muito difícil para os ensaiadores dos grupos de folclore, em 2002 e numa organização do Jornal Folclore, reuniram-se em Santarém a maioria dos especialistas e estudiosos, do que resultou uma síntese de excelência para a realidade portuguesa.


Podemos entender de que o folclore se entende um conjunto das tradições populares próprias de uma região ou país, sendo o mesmo composto pelo conjunto das crenças, tradições populares, rituais, canções, lendas, poesias, contos, provérbios, práticas, mitos, superstições, próprios do passado de uma região ou comunidade, a tradição de um povo.

Arcena, é um pequeno lugar situado num extremo do concelho de Vila Franca de Xira, na freguesia de Alverca, estando inserida na antiga província do Ribatejo, e foi até este lugar que País Magazine foi este sábado 15 de junho, para participar no 42º Festival de Folclore da Casa do Povo de Arcena, organizado pelo seu Rancho Folclórico, realizado no seu Museu Etnográfico.

O seu programa iniciou-se pelas 14:30 horas com a abertura das Tasquinhas e Jogos Tradicionais, seguindo pelas 16:00 horas a visita ao Museu, pelas 17:00 horas foi altura do Encontro de Tocadores, pelas 20:45 horas preparava-se o inicio para o Festival, e junto à capela, começou o desfile dos grupos participantes, com o Rancho organizador a abrir o mesmo, com a chegada ao Museu, pelas 21:00 horas foi tempo da cerimónia protocolar, com a apresentação dos Ranchos participantes, a entrega de lembranças, e algumas palavras alusivas à iniciativa, com algumas entidades presentes, seguia-se a parte mais esperada, a atuação dos Ranchos Folclóricos, que durou até cerca da meia noite e meia, num espetáculo sem dúvida muito interessante.


“O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arcena” foi o primeiro a atuar, onde mostrou os costumes e tradições do concelho, recuperar os mesmos, é o que tem feito ao longo dos tempos, Fábio Espanhol, enfermeiro de profissão, e um apaixonado pela etnografia e o folclore do concelho, com este Rancho fundado em 1979, desenvolveu um trabalho de levantamento das memórias perdidas de uma bisavó e de trisavós, recolhas feitas a partir de fotos, fatos e alfaias, a cartas de amor e blocos com letras de canções anotadas.

Nas suas atuações é apresentado um pequeno espólio, do que possuem no Museu da Casa do Povo da Arcena, onde são representados quadros etnográficos representados pelos elementos do Rancho, seguindo-se depois diversas músicas, canções e danças típicas do Folclore português, como terminou a sua atuação neste Festival.


Seguiu-se depois o “Grupo Típico de Ançã”, de Cantanhede, foi fundado a 28 de maio de 1978, onde a sua finalidade de fazer reviver e preservar os costumes, tradições, danças e cantares da histórica Vila de Ançã cuja referência escrita mais antiga, é datada do ano de 937, onde também mostraram os seu costumes, e bonitas danças e cantares tradicionais portugueses.

O “Rancho Regional de São Salvador de Folgosa”, Maia, nasceu em 1959 por ocasião da angariação de fundos para as obras de remodelação da igreja paroquial, em finais da década de cinquenta, na sequência de algumas dificuldades, a sua atividade foi interrompida de 1961 a 1980, e a partir dessa, altura o Rancho têm vindo a aperfeiçoar a sua atividade de reprodução dos trajes, danças e cantares dos tempos remotos nas terras da Maia, através de recolhas que garantem a autenticidade do que pretende representar, que marcou presença com uma excelente atuação.


Seguiu-se o “Grupo Folclórico de Vila Nova de Sande”, Guimarães, criado a 05 de Junho de 1978, que a partir de uma iniciativa concretizada em comunidade, mais propriamente na realização de cortejos para angariação de fundos para a construção do salão paroquial de Vila Nova de Sande, de salientar que em 1984, surge na direção do grupo, um grande homem, impulsionador de uma nova etapa de grande evolução. Manuel de Oliveira Martins, desenvolveu um notório trabalho, não só no seu Grupo Folclórico, mas também, no movimento folclórico da sua região e um pouco por todo o país, o que nas suas atuações mostram o mesmo, o Minho, com uma mais-valia para o Folclore Português.

Por fim, a fechar o 42º Festival da Casa do Povo de Arcena, do ribatejo vinha o “Rancho Folclórico do Bairro de Santarém, Graínho e Fontaínhas”, com o Ribatejo e Santarém, a virem nascer a 9 de Janeiro de 1914 na aldeia do Graínho, aquele que haveria de tornar-se numa das suas principais referências culturais, Celestino Graça "Homem do Graínho", como tantas vezes se definia, com o “Rancho Folclórico do Bairro de Santarém, Graínho e Fontaínhas” a ser fundado em 1955, nas localidades de Grainho e Fontaínhas pelo regente agrícola Celestino Graça, este natural do Grainho, e tem conseguido ser um fiel intérprete das danças, cantares e trajes típicos desta região, a sua atuação também muito interessante, com danças e cantares ribatejanos, terminaram com a tão famosa dança ribatejana, o “Fandango”, que apesar de muitas vezes ser interpretado por homens, em tempos passados, o fandango era caracterizado por ser dançado pela mulher de forma sensual, ao mesmo tempo, o homem galanteava a mulher, cantava e gritava, juntando também gestos, na época considerados obscenos, e era tido como uma dança de sedução entre homem e mulher.


E assim terminou o 42º Festival de Folclore que teve a organização do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arcena, o mesmo que teve apresentação Virgílio Reis, contou com uma boa plateia a assistir, que apesar de algum frio que se fez sentir, marcaram presença até ao final, participando e aplaudido todos os participantes, numa organização que que se esmerou por dar o seu melhor, o qual está de parabéns, e muitos ficam agora a aguardar a próxima edição.

Ficam alguns desses momentos.

 

Nota:

Brevemente será divulgado o filme do evento, do evento