Um estudo sobre a capacidade de carga recreativa das praias do concelho de Torres Vedras, mais especificamente focado na prática de surf, o qual é inovador em Portugal, foi apresentado publicamente ao final da tarde do passado dia 16 de maio, no Centro para a Sustentabilidade do Mar e Zonas Costeiras, em Porto Novo.
Elaborado por iniciativa da
Câmara Municipal de Torres Vedras, foi executado pela Associação de Escolas de
Surf de Portugal em parceria com o Politécnico de Leiria, mais concretamente
por um grupo de especialistas (Afonso Teixeira, Carlos Pereira da Silva, João
Costa, João Vasconcelos e Jess Ponting), tendo envolvido um conjunto de
stakeholders locais (nomeadamente escolas de surf, concessionários de praia,
associações, surfistas e banhistas) e implicado um vasto trabalho que passou
pela realização de entrevistas, procedimentos de identificação geográfica,
inquéritos e outros registos de dados (in loco e por meio de câmaras web).
Presente na apresentação do
estudo esteve a vereadora do Turismo da Câmara Municipal de Torres Vedras,
Dulcineia Ramos, que explicou no início da sessão que o principal motivo que
levou à realização do mesmo foi a preocupação relativamente à preservação dos
recursos ambientais costeiros torrienses. Dulcineia Ramos adiantou logo na sua
intervenção que a carga recreativa das praias do concelho de Torres Vedras
relacionada com a prática do surf está longe do seu limite, tendo ainda
aproveitado a ocasião para agradecer a todos os que contribuíram para a
realização do estudo que iria ser apresentado de seguida.
De referir que o mesmo indica
o número limite de surfistas e de alunos de escolas de surf que as praias do
concelho de Torres Vedras com aptidão para a prática e/ou ensino do surf (Santa
Rita, Vigia, Navio, Mirante, Pisão, Física, Santa Cruz-Centro, Santa Helena,
Formosa, Azul e Foz do Sizandro) podem acolher em condições ideais.
Para além de referir que as
praias do concelho de Torres Vedras, de uma forma geral, estão longe de estar
saturadas e têm margem para um aumento do número de visitantes e utilizadores,
o estudo apresenta ainda outras conclusões, como: o facto de não se identificarem
situações relevantes ou sistemáticas de conflito entre utilizadores nas praias
torrienses, sendo consensual que o ambiente dentro de água nas mesmas é
bastante relaxado, não justificando um ordenamento diferenciado das atividades
de surfing durante e fora da época balnear; o facto de existir nas praias de
Torres Vedras uma comunidade de surf local coesa e unida, que salvaguarda a
preservação das condições ambientais e a boa conduta na utilização dos recursos
naturais; o facto de existir uma comunicação constante e aberta entre as
escolas de surf do concelho de Torres Vedras, as quais procuram potenciar a
melhor utilização dos espaços das praias, coordenando entre si os locais e
horários de condução das suas aulas de forma a não haver sobreposições e
excessos de carga; e o facto de os banhistas das praias torrienses considerarem
importante a presença da comunidade de surf nas mesmas, tendo em conta o seu
contributo para a segurança e salvamento aquático.
O estudo relativo à capacidade
de carga recreativa das praias de Torres Vedras deixa ainda um conjunto de
sugestões, das quais que se destaca: a de se desenvolver na zona litoral
torriense um modelo de turismo de surf focado no valor e na qualidade da experiência,
em detrimento de um modelo que privilegie o volume, permitindo diferenciar o
destino costeiro de Torres Vedras pela sua tranquilidade e pela possibilidade
de permitir surfar ondas de elevada qualidade com poucas pessoas; e a de, no
intuito de se combater a sazonalidade turística no litoral do concelho de
Torres Vedras e se atrair surfistas mais experientes para o mesmo, se
incentivar e criar as condições necessárias para um aumento dos serviços aí
disponíveis durante o Inverno, nomeadamente estimulando a criação de novas
unidades de alojamento, restauração e comércio.
O estudo indica ainda que o
número ideal de escolas de surf para operar nas praias do concelho de Torres
Vedras se situa entre as 9 e as 11, sendo que atualmente o número dessas
escolas licenciadas para desenvolver atividade no território concelhio torriense
é de 11.
Fonte: Câmara Municipal Torres
Vedras
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