Em Portugal, um em cada cinco portugueses acima dos 40 anos sofre de incontinência urinária, uma condição muitas vezes associada à bexiga hiperativa. Falámos sobre este tema com o médico urologista Luís Abranches Monteiro.
O que
significa ter bexiga hiperativa?
Bexiga hiperativa é o nome que
se atribui a um conjunto de sintomas que ocorrem em conjunto. Trata-se assim de
uma síndrome. A principal queixa é a urgência na micção, ou seja, quando surge
um desejo de urinar este é já intenso e inadiável, sem pequenos desejos
anteriores. Pode produzir uma micção involuntária súbita, com os
constrangimentos sociais que se podem imaginar. Pode existir também um número
aumentado de micções quer durante o dia quer durante a noite. Esta última, a
noctúria, pode ser responsável por uma muito má qualidade de sono.
Quais os
fatores de risco associados?
Não se tratando de uma doença,
mas sim de um conjunto de sintomas, pode ocorrer sem causa aparente, chamada
idiopática, mas surge com mais frequência em doenças neurológicas, algumas
vulgares como AVC ou diabetes.
Para além
dos sintomas mais óbvios, existem outros sinais associados?
Este síndrome de aumento do
número de micções diurnas e noturnas, urgências micionais e eventual perdas
involuntárias, ou incontinência decorre isoladamente e pode até não incluir a
totalidade dos sintomas. As doenças que podem produzir esta condição, particularmente
as neurológicas podem obviamente afetar outros sistemas e produzir sintomas não
urinários.
Como se
pode prevenir e tratar a bexiga hiperativa?
A prevenção é difícil pois, a
grande maioria não tem uma causa identificável. O tratamento consiste na
aprendizagem de estratégias que diminuam o impacto social da condição, tais
como manobras de contrações musculares pélvicas ou mudanças nos horários das
ingestões hídricas. Estas medidas gerais devem ser ensinadas e tentadas antes
de evoluir para os tratamentos medicamentosos ou de electroestimulação.
De que
forma esta doença afeta o dia a dia das pessoas?
Ter o risco de uma micção
involuntária a qualquer momento pode ser muito debilitante ara algumas pessoas
e profissões. Contudo há que destacar que muitas fraturas ocorrem durante
episódios noturnos de urgência ficcional por quedas e traumatismos subsequentes.
Habitualmente todas as formas
de incontinência estão associadas a envelhecimento ou doenças de vários órgãos.
Contudo esta condição pode afetar jovens sem qualquer outra patologia.
Enquanto
especialista em urologia, que conselhos daria a uma pessoa que tem perdas de
urina frequentes?
Dado que estas situações podem
ter diversas causas e existem perdas urinárias que nada têm a ver com a bexiga
hiperativa, o primeiro passo é procurar ajuda profissional que possa
identificar o problema e encetar uma marcha terapêutica. Não faz sentido ter
perdas urinárias não tratadas, hoje em dia.
Deveria
haver mais apoio do Estado e das entidades patronais para pessoas com este tipo
de problema?
Por incrível que pareça, as
medicações que podem mitigar estas perdas urinárias e principalmente estas
urgências miccionais com consequências graves e dispendiosas como fraturas, só
em parte têm comparticipação. Alguns pacientes só conseguem alívio com medicamentos
muito caros e sem qualquer ajuda estatal. Da mesma forma, os absorventes
(pensos, fraldas) que, mesmo sob tratamento podem ter que ser usados, são
igualmente caros e sem reembolso estatal.
Fonte: Sapo on-line Saúde