Por: José Vieira/Jornalista e Presidente da Mesa da Assembleia da APMEDIO
De todos os artigos que tenho
escrito, focando na defesa da imprensa regional, é com orgulho que constato que
todos eles têm mexido com algumas pessoas e instituições, mas o último, que se
intitula “As câmaras vão ser os coveiros da imprensa regional”, está a dar mais
que falar do que tem sido habitual, nos fóruns da boa e da má-língua.
Por um lado, começam a
levantar-se as vozes há muito amaciadas e desalentadas com o rumo do nosso
setor, por outro, as vozes daqueles que de alguma forma são visados ou sentem
que têm de enfiar o barrete, revendo-se nalgumas partes dos meus artigos. E depois
ainda existem as “virgens ofendidas” e já agora os “velhos do restelo”, que se
torcem todos, e só é pena não se partirem ao meio, para ver se aliviam a bota
que sufoca o nosso setor.
Fico satisfeito pelas
manifestações de ambos os quadrantes. É sinal que estamos a mexer e a começar a
levantar o pó. Uma coisa é certa, está já em curso um movimento que visa
inverter e restaurar o equilíbrio da imprensa regional, de uma vez por todas. Acabaram-se
os panos quentes e o “brincar às reuniões com o governo”. Chegou a altura de
darmos um valente murro na mesa e exigir decisões à homem e não “nins” à
menino. É preciso ver se este governo “ou dá cascas ou dá tabiques”. Para ambas
as respostas, há soluções. E estarei aqui, conjuntamente com as centenas de
órgãos de comunicação regional, para as implementar.
É preciso, entre tantas
revindicações, exigir ao governo e ao regulador, que proíba já as autarquias de
continuarem a fazer concorrência desleal, usando os seus portais e os seus
orçamentos, ao serviço da propaganda política. É ilegal, é um crime e tem de
ser denunciado e corrigido. Depois, há que ajustar contas com o passado. As
autarquias, o governo e o regulador são responsáveis diretos pelo estado do
setor da imprensa regional, pelas falências já ocorridas e pela debilidade do
que resta dos nossos órgãos de comunicação. Isto também tem de ser ressarcido.
Urge promover um amplo debate nacional, para que se possa chegar a consensos e
voltarmos de novo ao caminho do crescimento, interrompido lá pelos anos 90 do
século passado. O nosso setor pode e deve crescer, fortalecendo-se e
fortalecendo assim a democracia regional, difundindo o que os leitores esperam,
sempre com a verdade e o contraditório a que assiste cada artigo que
produzimos.
Basta de subjugarmos a nossa
carteira profissional e os nossos veículos informativos ao poder público
regional (autarquias essencialmente), que além de nos atirarem com migalhas,
ainda tem o desplante de se substituírem a nós, enquanto imprensa regional,
gastando milhões do erário público para produção e difusão das vaidades do Sr.
Presidente, seja de que partido for.
Deste lado, estou preparado, e
bem assessorado, para iniciar este debate e trazer para a agenda pública
mediática do país estes 2 pontos fundamentais para a nossa sobrevivência.
Através da APMEDIO, do qual
tenho o imenso orgulho de ser Presidente da Mesa da Assembleia, preparam-se
estratégias de luta que nunca se ousou sequer equacionar e que irão ser
implementadas a partir de outubro (devido ao período das eleições autárquicas),
e visam uma completa remodelação da imprensa regional, no que tange os seus
direitos e deveres, e acima de tudo, o cumprimento escrupuloso da lei da
imprensa, que em Portugal apenas é cumprida para sancionar o pequeno editor.
Infelizmente o que temos recebido do governo têm sido apenas e unicamente
troféus produzidos nas Caldas da Rainha.
E já começa a doer bastante.
Este ataque constante ao nosso
setor vai ter de parar já! Meia dúzia de corruptos ganham alguma coisa com o
estado a que chegamos, mas 90% dos órgãos regionais não têm de passar por uma
sarcopenia imposta, ou antes de tempo.
Insto os leitores a darem
força a este movimento, a estarem connosco, nem que seja como força silenciosa.
Um novo 25 de abril vai começar a ser desenhado e precisamos de todos, todos,
todos.