Por: José Morais
Os “Borrachões” são
originais da Beira Baixa, uma receita tradicional da doçaria regional
portuguesa, o seu nome deriva das bebidas alcoólicas que fazem parte da
receita, destes afamados bolos secos seculares, e que lhe dão um sabor tão
característico, sendo os mesmos confecionados durante os festejos da Páscoa, em
muitas aldeias da Beira Baixa.
Entre
a diversidade de bolos mais típicos da Beira Baixa, encontramos os populares
borrachões, designados deste modo precisamente pela quantidade de vinho ou
aguardente que fazem da sua confeção, na verdade, após a cozedura dos mesmos,
no forno, o álcool volatiliza e não provoca os efeitos nefastos que advêm do
seu consumo excessivo.
Os
“Borrachões” são conhecidos por toda a Beira Baixa, mas a
sua receita nem sempre é concordante em todos os locais, variando apenas em
alguns ingredientes ou nas suas quantidades, em algumas freguesias, adicionam
aguardente à massa, noutras optam pelo vinho branco, e há ainda quem incorpore
a mistura destas duas bebidas alcoólicas.
Entretanto,
seja qual for a receita original, estes bolos assumem a mesma aparência e
sabores semelhantes, notando-se apenas alguma diferença na textura dos mesmos,
atualmente a receita inclui também a adição de alguns ovos, ingrediente que
apenas se começou a incorporar recentemente e que vem alterar ligeiramente as
características típicas deste bolo inteiramente regional.
Segundo
a opinião de diversas pessoas, a receita original e mais antiga dos “Borrachões” não
deve levar a adição de ovos, sem eles, os bolos ficam muito mais estaladiços e
saborosos, mantendo a tradição e as características originais de outros tempos,
e refletindo os saberes daqueles que aperfeiçoaram esta receita ao longo de
gerações, aliando os fracos recursos alimentares ao engenho espontâneo na
culinária.
Por
exemplo outros bolos regionais, como são exemplos o pão-de-ló e as cavacas,
também são característicos noutros pontos do país, os “Borrachões” são
única e exclusivamente típicos da Beira Baixa, antigamente, a feitura dos “Borrachões” não
se encontrava associada a tradições específicas como acontecia com outros
pratos e iguarias.
Eram
preparados e comiam-se somente em dias de festa, ou seja, em raras ocasiões ao
longo do ano, deste modo, embora sejam bolos que têm um elevado conteúdo
calórico, o seu consumo moderado e esporádico não traz malefícios para a saúde
no âmbito de uma alimentação saudável.
Porem,
o acrescido valor calórico deste bolo deve-se, em parte, à adição de uma grande
quantidade de aguardente ou vinho branco, referindo-se que as bebidas
alcoólicas fornecem muitas calorias, mas por outro lado, o azeite, apesar de
ser a gordura ideal para se consumir em cru e para cozinhar, está presente
nesta iguaria em grande quantidade, contribuindo do mesmo modo para o elevado
valor energético dos “Borrachões”, mesmo assim são essencialmente ricos em
gorduras monoinsaturadas, e importa ainda evidenciar o conteúdo destes bolos em
vitamina E, cálcio e algumas vitaminas do complexo B.
Em muitas aldeias da Beira
Baixa era costume confecionar os mesmos na véspera do Domingos de Passos, os “Borrachões”
podem ser servidos com um bom chã aromático, ou até um licor, a sua conservação
deve ser feita num recipiente bem fechado, são simples de confecionar, possuem
a vantagem de durarem mais de dois meses, se estiverem bem-acondicionados, e
não apanhem humidade, das muitas receitas que existem, algumas com alterações,
fica a receita mais utilizada da receita original.
Ingredientes:
1,150 Kg de farinha;
0,4 Kg de açúcar;
0,5 L de azeite, de
preferência da Beira Baixa;
0,5 L de aguardente e jeropiga
(metade de cada);
1 colher de chá de canela;
1 colher de chá fermento;
1 ovo.
Modo de
Preparação:
Bate-se, com uma colher de
pau, o açúcar com as bebidas, junta-se uma porção de farinha.
Mistura-se o azeite bem
quente, em fio, sobre a massa, continuando a bater, em seguida, vai-se pondo o
resto da farinha, misturada com o fermento e a canela, amassando-se bem com as
mãos até a massa ficar preparada para estender com o rolo.
Estendem-se com o rolo, cortam-se
com o cartel (carrinho), em pequenos retângulos, e colocam-se nas latas (tabuleiros)
untadas de azeite picando-se com um garfo e barram-se com ovo batido.
Levam-se ao forno de lenha bem
quente ou, na falta deste, ao forno do fogão, até cozer durante cerca de 30
minutos ou até ficarem dourados.
Retirar e servia-se.
Bom apetite.