A conferência 'Alenquer em
Movimento - Desafios e Oportunidades para uma Mobilidade Sustentável' colocou à
discussão a situação local e nacional de temas de interesse público e que a
todos afetam no respetivo quotidiano. O tempo, a mobilidade e o planeamento das
localidades podem fazer a diferença na vida das populações e foi esse o debate
a ter em conta por profissionais de várias áreas.
A sessão de abertura esteve a
cargo do Vice-Presidente e vereador com o pelouro da mobilidade Tiago Pedro,
presente em toda a programação durante o último 19 de setembro, numa iniciativa
inserida nas atividades da Semana Europeia da Mobilidade. O responsável por
pelouros como o trânsito, os transportes ou o planeamento dos espaços públicos
garantiu que a "mobilidade é um tema complexo e que abraça inúmeras
áreas" e que "em Alenquer se vive um tempo muito especial nesta
matéria".
"Sobretudo no período
pós-Covid, somos procurados por famílias e por empresas que preenchem cada
bolsa disponível em espaço industrial e onde é possível ter a atividade
económica a funcionar. Percebemos que cada vez Lisboa se aproxima mais e que o
eixo Alenquer-Carregado está cada vez mais ligado e é inevitável a sua ligação.
A altura certa é esta para falarmos destes temas. Temos de planear uma cidade e
desenhar um território que esteja preparado para que a junção se faça, não por
acidente, mas porque há um conjunto de pessoas que conseguiram pensar esse
espaço e ligação e conseguiram prever um conjunto de dinâmicas que queremos que
aconteçam. O Plano Diretor Municipal é muito importante e dá-nos um certo
número de respostas, mas é importante também estarmos atentos no curto e médio
prazo às políticas públicas e consigamos ter um território urbano muito forte,
mas com transporte, espaços verdes, que sabe separar as dinâmicas e gera uma
boa qualidade de vida para todos", disse Tiago Pedro, introduzindo o tema
ao auditório especializado e multidisciplinar.

Paula Teles, Presidente e
fundadora do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), pensa e tem um
plano de ação sobre o tema da mobilidade bem explícito e garantiu que é
"preciso resolver a particular tendência que Portugal tem pelo automóvel",
deixando vincado que "Alenquer e a sua equipa técnica denota uma
importância em planear as coisas de forma diferente".
"Hoje precisamos de
territórios mais humanizados, precisamos de voltar a colocar as pessoas a
caminhar na rua, precisamos de voltar a ter a praças caminháveis, de resgatar
algum espaço que foi entregue ao automóvel nas últimas décadas e termos mais pessoas
a conviverem num sítio de partilha e proximidade, e também precisamos que as
crianças voltem a caminhar e a irem para a escola a pé", vincou, traçando
um diagnóstico e caracterização do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de
Alenquer.
Transporte público como bem
essencial
O primeiro painel de
convidados da manhã debateu a utilização e a importância, mais do que nunca, do
transporte público nas vilas e cidades portuguesas do século XXI. Pela
Comunidade Intermunicipal do Oeste, da qual o Município de Alenquer faz parte,
Paulo Simões abordou os alguns dos constrangimentos, no terreno, relativos a
estes temas. "Temos uma estratégia para os transportes públicos do Oeste
que queremos que sejam universais, limpos e tendencialmente gratuitos. O Oeste
de Portugal tem especificidades e não me foco apenas no transporte público de
passageiros. Dificilmente, uma pessoa demorará mais tempo entre as várias
cidades do Oeste do que demora a chegar de qualquer cidade à capital
Lisboa", lamentou o responsável, garantindo que este é um problema
abrangente.
Autora de 'Autocarro das vinte
e oito', Alexandra Sousa esteve em Alenquer para dar a conhecer algumas das
histórias da obra que escreveu e que teve a experiência da frequência de
transporte públicos como mote. "As pessoas estão viradas para si próprias
e isso sente-se nos transportes públicos. Esperemos que os carros comecem a
desaparecer, para que tenhamos esplanadas, espaços verdes e pessoas a caminhar
e a deslocarem-se de forma coletiva, a falarem umas com as outras. Isso é o
melhor que temos na vida", assumiu como desígnio.
Repensar os transportes e o
espaço público
Tiago Pedro, vereador da
Câmara Municipal de Alenquer, voltou a sentar-se à mesa para moderar um debate
rico e deixou explícitas as dificuldades com que o concelho se debate nas
Estradas Nacionais 1 e 3, em particular. "O nosso território é muito urbano
e condiciona a vida destas pessoas que têm de passar por estas vias ou
atravessá-las", referiu.
Desde o fim do ano civil, a
Via Verde está presente em Alenquer e permite que estacione com comodidade em
algumas das vias mais congestionadas da vila, com recurso ao seu smartphone.
João Almeida de Oliveira, da Via Verde Estacionar, saudou a adesão de Alenquer
à rede nacional e apontou "à experiência simples por parte do
utilizador". "A captação da receita é mais eficaz, o controlo das
áreas com maior tráfego é melhor e sei que existem planos para alargar o
sistema dentro do concelho. Esta é uma ferramenta que contribui e muito para o
ordenamento do espaço público", sintetizou.
Já Telmo Jorge, capitão no
Posto de Alenquer da Guarda Nacional Republicana, elencou problemas sobre
"repetir os mesmos ingredientes" para uma comunicação que não está a
surtir efeito. "Temos de mudar o paradigma comunitário da representação do
cargo. Estamos a pensar apenas no capítulo da motivação, obrigando a que as
pessoas se adaptem ao local onde estão", lamentou.
No 3º e último painel de
debate do dia, a 'Mobilidade Ativa' perspetivou-se um futuro a caminhar e a
pedalar na maior parte do tempo, mas reconhecendo-se que esse futuro ainda não
está ao virar da esquina. O vereador com o pelouro da mobilidade na Câmara
Municipal de Alenquer enumerou os benefícios para a saúde e ambiente de uma
mobilidade ativa assumida, com projetos definidos no concelho de Alenquer,
dando o exemplo da ciclovia na freguesia do Carregado. "A N1 é a Estrada
Nacional que mais procura tem. Há um fluxo pedonal muito intenso. Estamos a
falar de uma zona muito complexa e perigosa para peões e automobilistas.
Pedimos à Infraestruturas de Portugal a desclassificação do troço urbano onde,
da Escola Básica de Carregado até à Vala de Carregado, conseguiremos ter uma
via ciclopedonal, iluminada e com todas as condições para a população",
revelou.
O Instituto da Mobilidade e
dos Transportes (IMT) esteve representado à mesma mesa, abordou as dificuldades
e respondeu aos reptos que lhe foram lançados ao longo do dia, garantindo que
"Alenquer quer mudar de paradigma". "Há que repensar o que é a
mobilidade, colocando as pessoas a andar mais a pé e de bicicleta, não
descartando o carro. Todos precisamos dele. Promover a mobilidade ativa,
estimular o uso do transporte público e racionalizar o transporte individual
são os três grandes pilares do IMT", defendeu Elisabete Osório, do Grupo
de Projeto para a Mobilidade Ativa.
"A orografia de Alenquer
continua a assustar muita gente", garantiu Eduardo Silva. O representante
da West Side Stories é conhecedor de como pensam as gentes do concelho e
vila-presépio e esteve no Fórum Romeira para também partilhar a sua experiência.
"Tento incutir um bom espírito às pessoas que nos procuram e querem
completar os nossos programas, que acarretam por vezes percorrer alguns
quilómetros. Em Alenquer, as pessoas querem parar com o carro em qualquer porta
e não se apercebem que até pode chegar mais depressa a andar", disse.
Fonte: Câmara Municipal
Alenquer