Por: Ana Marques Gonçalves
Foto: Carlos Almeida
Fonte: Lusa
Jorge Fonseca vai dizendo
querer ir “combate a combate” em Paris2024, mas não esconde que gostava de se
tornar no primeiro judoca português campeão olímpico ou no primeiro a ganhar
duas medalhas, considerando-se o seu maior rival.
“Não penso em medalhas, penso
em fazer combate em combate, Porque se eu pensar em medalhas, acho que vou-me
desconcentrar e não vou conseguir lutar pelo meu objetivo. Então, quero
divertir-me e fazer combate a combate e desfrutar do que é melhor para mim”,
antecipou, em entrevista à agência Lusa.
Jorge Fonseca já tem a sua
medalha olímpica – o bronze nos -100kg em Tóquio2020 – e, embora insista que
prefere não pensar em somar mais uma ao seu palmarés, ao longo da conversa vai
revelando que gostava de ser “o primeiro judoca a ser campeão olímpico” por
Portugal.
“Acredito que tenho potencial
para isso e queria muito. Eu quero fazer história, quero ser sempre diferente
dos outros. Bronzes, quintos? Já não chega”, reconheceu.
Na capital francesa, onde
compete em 01 de agosto, o duas vezes campeão mundial de -100kg (2019 e 2021)
acredita que o seu maior adversário será ele mesmo.
“O meu maior rival sou eu. Eu
é que assombro a mim mesmo, meto medo a mim mesmo. Tem uns atletas que são
muito mais fortes do que eu e acredito que isso pode fazer a diferença, mas
acredito que, se eu estiver bem fisicamente e mentalmente, as coisas podem ser
completamente diferentes. Se não tiver lesões, as coisas estiverem a correr
bem, o meu maior adversário sou eu mesmo. Acredito que se estiver bem consigo
vencê-los”, garantiu.
Fonseca considera-se um ‘alvo
a abater’, mas promete que serão os seus rivais a ser ‘destruídos’, até porque
entrará em competição menos ‘exposto’ do que em Tóquio2020, Jogos a que chegou
como número dois do ranking e bicampeão mundial em título.
“Acredito que, como não fui
campeão do mundo antes dos Jogos Olímpicos, as coisas também vão favorecer-me
um bocado. Acho que posso pôr as coisas por um lado bom e por um lado negativo.
Entretanto, acredito que quem está com mais pressão são eles. Eu não, porque eu
quero fazer estragos, eles querem proteger aquilo que eles conquistaram, que é
aqueles que foram campeão do mundo, vice-campeão do mundo, os dois terceiros”,
analisou.
Há outro aliciante nestes
Jogos para o judoca do Sporting, que já há “um bom tempo não ganha uma medalha
em Paris” e está “com uma grande azia”, porque há “três ou quatro” portugueses
que conquistaram o ouro nesse Grand Slam, onde foi medalhado de bronze em 2017.
“O meu treinador [Pedro
Soares] tem, acho que o João Neto também tem, o João Pina tem, a Telma
[Monteiro] tem. Só me falta a mim É esse o objetivo. E em Paris[2024] vai ser
diferente deles todos, porque é nos Jogos Olímpicos”, salientou.
Prestes a participar nos seus
terceiros Jogos, Fonseca reconhece que não haverá outros como os do Rio2016,
uma vez que tinha acabador de superar um osteossarcoma, um tumor ósseo maligno.
“Posso dizer que trabalhei
imenso. E, depois, fiz o trabalho de quimioterapia, radioterapia, sofri imenso.
Então, os primeiros Jogos ficaram marcados para mim. Estes Jogos Olímpicos vão
ser completamente diferentes, porque eu vou estar a lutar por uma coisa que
quero tanto, que é ser campeão olímpico. Nos outros, consegui realizar mais ou
menos algum objetivo, ajustar alguma coisa. Nestes, espero fazer algo
diferente”, antecipou.
Dos Jogos disputados há três
anos – foram adiados devido à pandemia de covid-19 -, recorda ter vivido
“grandes momentos”, ligados à perceção do que é conquistar uma medalha
olímpica.
“Ser campeão do mundo é
específico, mas uma medalha olímpica é completamente diferente, entras para a
história de Portugal. Eu queria ter uma medalha olímpica para ser diferente.
Essa medalha tem um sabor completamente diferente das outras”, distinguiu.
Jorge Fonseca admite que o
bronze de Tóquio2020 “mudou muito” a sua vida, pois agora está lado a lado com
“grandes atletas olímpicos”, como Nélson Évora, ouro no triplo salto em
Pequim2008, Francis Obikwelu, vice-campeão olímpico dos 100 metros em
Atenas2004, e os também judocas Nuno Delgado e Telma Monteiro, os outros
medalhados (de bronze) da sua modalidade.
“Eu também queria fazer parte
dessa elite. Incomodava-me muito, porque eu era campeão do mundo, mas não tinha
medalha olímpica. Isto fazia-me uma mossa. […] Felizmente, eu tenho, agora
quero uma diferente para poder superá-los, para poder estar na mesma elite que
eles, mas com um estatuto mais diferente”, revelou aquele que se descreve como
“o menino querido dos portugueses”.
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