Torres Vedras acolheu o VII Encontro Ibérico de Orçamentos Participativos, o qual decorreu entre os passados dias 4 e 6 de junho, a partir do Teatro-Cine torriense.
Organizado pelo Município de Torres Vedras, em parceria com a Oficina, a Rede de Autarquias Participativas, o OIDP (Observatório Internacional de Democracia Participativa) e a Coglobal, contou com participantes não apenas oriundos de Portugal e Espanha, mas também de outros países, nomeadamente de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Argentina, tendo se constituído como uma oportunidade para partilhar boas práticas, refletir sobre os desafios e oportunidades da Democracia Participativa e fortalecer a cooperação ibérica em torno da Participação.
Na sessão de abertura do
evento esteve presente a presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura
Rodrigues, que sublinhou na ocasião o facto de os orçamentos participativos
serem relevantes instrumentos de aprofundamento da Democracia Participativa e
espaços de construção de uma cidadania ativa. Laura Rodrigues aproveitou também
na sua alocução para recordar que em Torres Vedras tem sido construído um
modelo de governança aberto ao diálogo e que pretende ser o mais integrador
possível, tendo a este propósito dado os exemplos da criação da tipologia
“Ideia Jovem” no Orçamento Participativo municipal bem como do Conselho das
Crianças.
Já a presidente da Câmara Municipal de La Garriga e da Associação Catalã de Municípios, Meritxell Budó i Plá, destacou o facto de os orçamentos participativos contribuírem para diminuir o distanciamento entre eleitores e eleitos e, assim, aumentarem a confiança das populações nos decisores políticos. Dando o exemplo do que se tem passado na Catalunha, referiu igualmente que o aumento dos processos políticos participativos tem levado a ação municipal a ir ao encontro dos interesses das populações.
Ainda na sessão de abertura do
VII Encontro Ibérico de Orçamentos Participativos usou da palavra o presidente
da Rede de Autarquias Participativas, José Manuel Ribeiro, que, na sua
intervenção, enalteceu o papel dos orçamentos participativos, três décadas após
a sua criação no Brasil, na diminuição do alheamento dos cidadãos em relação
aos problemas das respetivas comunidades. Também segundo palavras de José
Manuel Ribeiro, esses instrumentos de política participativa têm contribuído
para melhorar a qualidade das decisões públicas, sendo que as mesmas, quando
tomadas com proximidade às populações, revelam-se mais eficazes.
Ao longo dos três dias do
evento a temática do mesmo foi alvo de reflexão sob diversas prismas, o que foi
efetuado principalmente mediante a realização de um conjunto de cinco painéis,
nomeadamente: “Orçamentos Participativos de Portugal e Espanha – Desafios,
emergências e limites”, que contou com as participações de Nélson Dias
(licenciado em Sociologia e mestre em Planeamento e Avaliação de Processos de
Desenvolvimento) e de Francisco Francés (professor no Departamento de
Sociologia na Universidade de Alicante) e a moderação de Ana Umbelino
(vereadora da Participação e Cidadania da Câmara Municipal de Torres Vedras);
“Como e porquê fazer avaliação dos Orçamentos Participativo”, que contou com as
participações de Isabel Xavier Canning (diretora do Departamento de Cidadania
na Câmara Municipal de Cascais), de Patricia Leiva (do Departamento de
Psicologia Social, Trabalho Social, Antropologia Social e Estudos da Ásia
Oriental da Universidade de Málaga) e de Catarina Louro (vereadora da
Participação Cidadã da Câmara Municipal de Leiria) e a moderação de David
Margarido (adjunto do presidente da Câmara Municipal da Lourinhã); “Orçamentos
Participativos inclusivos e participação de grupos sub representados”, que
contou com as participações de Élia Llorens (técnica de Participação Cidadã do
Município de Alcoi), de Susana Gomes (diretora do Departamento de Cultura e
Cidadania da Câmara Municipal de Valongo), de Romana Santos (técnica superior
no setor de Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Grândola) e de Susana
Santos (vereadora da Câmara Municipal de Odivelas) e a moderação de Andrés
Falck (diretor executivo e cofundador da Coglobal); “Bairros Participativos”,
que contou com as participações de José de Carvalho Ferreira (diretor de
Departamento de Desenvolvimento Local, Bairros e Zonas de Intervenção
Prioritária de Lisboa da Câmara Municipal de Lisboa), de Eva Laporta (técnica
de Participação Infantil) e de Carla Ramírez (técnica de Participação no
Distrito de Gràcia) e contou com a moderação de Adrià Duarte (coordenador do
Observatório Internacional de Democracia Participativa); e “Experiências de
práticas e participantes em Orçamentos Participativos (casos de sucesso,
desafios, ensinamentos)”, que contou com as participações de Elena Muñoz
Echeverría (conselheira para a Participação Cidadã de Rivas-Vaciamadrid), de
Feliu Fusté Cano (técnico de participação cidadã e intervenção comunitária do
Município de Vic) e de Hélder Guerreiro (presidente da Câmara Municipal de
Odemira) e a moderação de Nelson Dias. De referir também, a propósito dos
momentos de caráter mais reflexivo do VII Encontro Ibérico de Orçamentos
Participativos, a apresentação de uma comunicação por Gustavo Cardoso
(professor catedrático do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa), que
abordou a “Comunicação, desinformação e democracia no Espaço Ibérico”.
Para além dos já mencionados,
outros momentos constituíram o programa do evento, sendo de realçar desses o de
realização de um jogo de participação e colaboração que incidiu na temática da
habitação e no qual os participantes foram desafiados a pensar em soluções para
um problema transversal, bem como a realização de uma sessão do Conselho das
Crianças, em que foi dinamizado um “mini Orçamento Participativo”, ao qual a
Câmara Municipal de Torres Vedras alocou uma verba de 2.000 euros tendo no
mesmo a proposta “Caixa de brincar” (que consiste na colocação na Praça Machado
Santos, em Torres Vedras, de uma caixa com brinquedos aos quais as crianças
possam aceder) sido a proposta vencedora.
De referir ainda do VII
Encontro Ibérico de Orçamentos Participativos: a apresentação no Centro de
Artes e Criatividade do projeto “Encosta”; a realização de roteiros pedonais em
Torres Vedras, em que os participantes tiveram oportunidade de experimentar a
perspetiva de pessoas cegas ou com baixa visão e de crianças; a realização de
um workshop de “foto voice”, que permitiu revisitar a exposição Pela Lente da
Liberdade, de Eduardo Gageiro, e a partir dela construir novas imagens numa
performance colaborativa; e a execução de uma performance coletiva com búzios
de barro, simulando os sons dos moinhos de vento característicos da região
Oeste.
A oitava edição do Encontro
Ibérico de Orçamentos Participativos realizar-se-á em 2026 em Espanha.
Fonte: Câmara Municipal Torres
Vedras
Nenhum comentário:
Postar um comentário