A CIMBB – Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa apresentou, esta quinta-feira, dia 5 de maio, o relatório de caracterização da situação e dinâmica imigratória na Beira Baixa.
A sessão de apresentação
decorreu no auditório da Santa Casa da Misericórdia de Penamacor, sendo que
este relatório integra o estudo que o Politécnico de Castelo Branco está a
realizar para a CIMBB, que tem como propósitos analisar a evolução da população
estrangeira nos oito concelhos desta Comunidade Intermunicipal e desenvolver um
quadro sistemático de monitorização do fenómeno imigratório para apoio à tomada
de decisão.
Este estudo parte da premissa
de que a dinâmica demográfica da Beira Baixa tem sido marcada por um declínio
populacional e um envelhecimento acentuado ao longo das últimas décadas, o que
tem um impacto significativo na estrutura económica e social da região. Já o
recente movimento migratório tem desempenhado um papel fundamental na
reconfiguração da dinâmica populacional da Beira Baixa, refletindo tendências
de crescimento que contrastam com a histórica dinâmica recessiva da região.
Com um período de análise
compreendido entre 2008 e 2023, este relatório indica um aumento da população
estrangeira residente, sobretudo a partir de 2018, o que levanta novas questões
sobre a integração, dinâmicas sociais e impactos no desenvolvimento local. Dos
dados recolhidos, verifica-se que o número de estrangeiros legalizados
residentes na região passa de 1856, em 2008, para 6786, em 2023, o que
representa um aumento de 265,6% no período analisado.
Em Penamacor, o número de
estrangeiros residentes passou de 58, em 2008, para 78, em 2013, 199, em 2018,
e 440, em 2023. Devido a este crescimento, a população real no território de
Penamacor, em 2023, aumentou 49 habitantes, resultante de um saldo positivo
migratório de 130 habitantes, em contrapartida de um saldo natural negativo de
81 habitantes. Este crescimento e esta inversão populacional acontece pela
primeira vez nos últimos 50 anos e vem valorizar a estratégia de
desenvolvimento do nosso Concelho, reforçando o crescimento da comunidade
escolar dos últimos três anos. O relatório apresentado indica, ainda, que o
Reino Unido e a Alemanha são quem mais novos residentes fornecem ao concelho.
Durante a preparação desta
análise, foram realizados cerca de 400 inquéritos a imigrantes residentes no
território, dos quais se pode concluir que, apesar dos desafios estruturais, a
Beira Baixa tem sido atrativa para imigrantes e apresenta potencial para
aprofundar essa via de animação do desenvolvimento a nível local e regional.
Os investigadores do IPCB
realizaram, ainda, entrevistas semi-diretivas e sessões de focus group com um
número muito alargado de interlocutores locais dos mais variados setores de
atividades, das esferas institucional, empresarial e associativa, sendo que a
perceção geral sobre os imigrantes é positiva na maioria dos concelhos,
destacando-se a sua contribuição para a economia local e para a manutenção de
serviços essenciais.
Os autores destacam, ainda,
que, na ótica da comunidade, a imigração na CIMBB representa uma oportunidade
para revitalizar a economia e combater o despovoamento, mas exige estratégias
eficazes de inclusão, sendo que os desafios mais prementes incluem habitação,
barreiras linguísticas e acesso a serviços públicos.
A terminar, o estudo culmina
com a apresentação de um conjunto de Eixos Estratégicos e Medidas com vista à
melhoria dos processos de atração, fixação e integração dos imigrantes neste
território.
Presente na sessão, o
Presidente da Câmara Municipal de Penamacor e Vice-Presidente da CIMBB, António
Luís Beites Soares, explicou que esta é apenas a primeira fase do estudo, que
ainda não está concluído. “A apresentação decorre em Penamacor porque o nosso
Município já estava em diálogo para realizar este estudo no concelho. Numa
reunião da CIMBB, até porque Oleiros também queria fazer, decidimos alargá-lo,
por unanimidade, a toda a Comunidade Intermunicipal”.
O autarca registou, ainda, que
o “crescimento da população estrangeira no território tem sido exponencial a
ponto de inverter o decréscimo populacional praticamente em todos os municípios
do território nestes últimos dois anos”, acrescentando que “estas novas
comunidades são muito bem-vindas ao território”. “Don Sancho foi o povoador e
esta nova comunidade está a recuperar o foral de Penamacor e a povoar novamente
o território. Temos falta de mão-de-obra e eles fazem cá falta. É necessário,
no entanto, que estejam bem integrados. Este estudo é necessário para
conhecermos estes novos residentes, porque é que cá estão e porque é que
continuam a vir mais. Este é um processo que vai continuar, pelo menos nos
próximos anos”, destacou.
Fonte: Câmara Municipal
Penamacor
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