segunda-feira, 25 de novembro de 2024

“Tributo a… Raimundo Tereso”


Nuno da Câmara Pereira marcou presença nesta homenagem

 

Por: José Morais

Imagens: Revista País Magazine

Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, nós nunca estamos preparados para perder alguém, com a vida a nos ensinar a dizer adeus às pessoas que partem, sem tirá-las do nosso coração. A saudade consegue eterniza a presença de quem já partiu, porem, com o tempo esta dor se acalma, transformando-se em silêncio, e espera-se pelos braços da vida, para um dia reencontrar.

E foi o que aconteceu no passado mês de outubro, Raimundo Tereso, deixou-nos presencialmente, mas mantem-se vivo entre todos, e os amigos e familiares quiseram-lhe prestar uma homenagem este sábado 23 de novembro.

De nome, Raimundo Glória Claro Tereso, natural de Chão do Galego, Alcobaça, nasceu a 24 de agosto de 1951, construtor de guitarras e violas portuguesas, aprendeu sozinho a arte da construção, tendo como referência as guitarras de Álvaro da Silveira, mas possuía um método próprio na sua construção, em 1986 iniciou-se no grupo de variedades do Clube TAP, como fadista, e a partir dai começou o seu interesse para a construção da Guitarra Portuguesa.

Vivia em Arcena, Alverca, e além da construção das suas guitarras, tocava a mesma, e cantava o fado, com uma voz sem dúvida muito potente, onde se destacava o fado de Coimbra, fazia parte do Grupo Fado do Tejo ao Mondego, e destacava-se no mundo fadista.

Falar de Raimundo Tereso, nas palavras dos amigos era muito fácil, já que o mesmo reunia uma amálgama de sentimentos, que nutria pelos seu semelhante, onde aliviava a sua facilidade em comunicar, a sua forma elegante em poder satisfazer algumas situações de aperto, e onde conseguia desembaraçar uns novelos que apresentavam difíceis de resolver.


E foi este homem que os amigos quiseram relembrar, com uma excelente tarde de fados, a mesma foi realizada na Casa do Povo de Arcena, Alverca, a qual a direção disponibilizou de imediato o seu salão para a sua realização, local onde o homenageado toucou e cantou imensas vezes, porem, a tristeza, as emoções, estiveram sempre presentes entre todos, com todos os fadistas a relembrar sempre Raimundo Tereso nas suas atuações.

A tarde fados iniciou-se pelas 15 horas, com a apresentação a cargo de Fernando Gomes, o mesmo deu as boas-vindas a todos, e iniciou assim a primeira parte, apresentado os fadistas, João Sanches, Odete Palma, Leonel Moura, Carolina Borges, António Dimas e José Vaz.

Após um curto intervalo, Fernando Gomes iniciava a segunda parte, e antes de dar início aos fados, Clara Negrinho, presidente da Casa do Povo de Arcena, chamava Anabela, a viúva de Raimundo Tereso, e deixava a sua mensagem muito comovida, relembrando o homem grande, nobre e simples que era, pedindo um minuto de silêncio, seguindo-se Fernando Gomes também ele a relembrar o amigo, a deixar a sua mensagem, recordando alguns bons momentos que passaram.

E a sessão de fados iniciou a segunda parte, com os fadistas, António Carlos, de referenciar a sua atuação com a sua capa negra de estudante de Coimbra, o qual terminou com o tradicional pregão dos estudantes. Seguiu-se as atuações de Carlos Videira, Maria Albina, Joaquim Canavilhas, Helena Casquinha, António Figueiredo, Ramiro Gonçalves que declamou um poema, Manuel Cardoso, Ilídio Duarte e Isabel Vaz.

Temos de salientar que a meio da atuação destes fadistas, um grande nome do fado nacional marcou presença, e o Salão de Festas da Casa do Povo de Arcena, e todos os presentes, receberam de surpresa Nuno da Câmara Pereira, ele que soube à última hora desta homenagem, e quis marcar presença, contado algo relacionado com Raimundo Tereso de quem era amigo, falando da Guitarra que o mesmo lhe construiu, e que guarda com muito amor, cantando depois uns fados.

Em final de evento, tanto Clara Negrinho, como Fernando Gomes agradeceram a presença de todos, e despediram-se com emoção, com a tarde de fados a terminar com o fado “Isto é Lisboa”, com todos os presentes a levantarem-se a cantar e bater palmas.

Não podemos esquecer que esta tarde de fados contou com grandes músicos, e todos os fadistas foram acompanhados à guitarra portuguesa por, Manuel Magno, e as violas de fado estiveram a cargo de, Carlos Videira, José Vaz e Ilídio Duarte.

O Fado Português e a arte da construção da guitarra clássica ficam mais pobre com a sua partida. Até sempre Raimundo Tereso.

 

Podem assistir a esta tarde de fados no filme publicado no nosso canal de Tv do YouTube em: https://youtu.be/zUgaW0mEfWA

 

Nota:

Despedimo-nos assim de Raimundo Tereso, no final deste filme, o mesmo interpreta o fado de Coimbra “Maria das Flores”, acompanhado à viola por Carlos Videira, e com a presença de António Carlos.

 

O nosso canal de televisão está no YouTube em: https://www.youtube.com/@npmagazinetv9392/videos

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