A Fundação Champalimaud participará num estudo clínico internacional sobre terapia psicadélica aplicada às perturbações mentais resistentes.
A Fundação Champalimaud vai
participar no PsyPal, um estudo clínico internacional sobre terapia psicadélica
aplicada às perturbações mentais resistentes ao tratamento nos cuidados
paliativos. Este será o primeiro sobre este tipo de tratamento financiado pela
União Europeia (UE).
Em comunicado, a instituição médica e científica indica que a UE atribuiu mais de 6,5 milhões de euros aos parceiros de nove países para "apoiar a investigação sobre a utilização da psilocibina sintética, um composto encontrado em cogumelos 'mágicos' [alucinogénicos], para aliviar o sofrimento psicológico em pessoas com doenças incuráveis que necessitam de cuidados paliativos".
Em conjunto com três centros
clínicos europeus, a fundação tratará mais de 100 doentes, estando cada um
encarregado de uma condição diferente. A portuguesa tratará pacientes com "perturbações do movimento em fase avançada,
incluindo síndromes parkinsonianos atípicos"; o Centro
Médico Universitário de Groningen (Países Baixos) da doença pulmonar obstrutiva
crónica; o Instituto Nacional de Saúde Mental (República Checa) da esclerose
múltipla; e o Hospital Bispebjerg (Dinamarca) da esclerose lateral amiotrófica.
Inicialmente, os psicadélicos mostraram-se promissores no tratamento da depressão e da ansiedade em doentes com cancro terminal. No entanto, os resultados foram mais variáveis em doentes com perturbações psiquiátricas na ausência de um diagnóstico de risco de vida, o que nos levou a focar-nos novamente em condições incuráveis.
Se este tratamento se revelar
eficaz, no futuro teremos interesse em explorar as contribuições individuais do
medicamento e do apoio psicológico na ajuda a doentes com depressão. Este
conhecimento será crucial para uma alocação eficiente de recursos.
Disse Albino Oliveira-Maia,
diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud, citado no
comunicado emitido pela instituição.
Segundo Carolina Seybert,
psicóloga clínica e investigadora da Fundação Champalimaud, os investigadores
estão "especialmente interessados na
eficácia do tratamento a longo prazo, um aspeto crucial que é frequentemente
subvalorizado".
Ao estudo, concebido para
durar três meses, seguir-se-á um acompanhamento abrangente de seis meses para
avaliar resultados duradouros.
Os primeiros participantes do "ensaio multicêntrico randomizado e controlado" começarão a ser recrutados em 2025. Através do
PsyPal, os investigadores irão "recolher
dados de uma gama diversificada de participantes em diferentes locais da Europa
para aumentar a validade e aplicabilidade das suas descobertas".
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