O mais emblemático blindado da segunda Guerra Mundial
Fotos: Daniel Peres
A colecção permanente do Museu
do Caramulo recebeu um tanque M4A1 Sherman de 1943, o mais emblemático veículo
blindado americano da Segunda Guerra Mundial, que combateu em todas as frentes
das forças aliadas e que representa um símbolo da liberdade e do poderio industrial
e militar dos Estados Unidos neste período histórico.
O M4A1 Sherman vem reforçar o
núcleo do Museu do Caramulo dedicado à Segunda Guerra Mundial, sendo igualmente
a primeira de diversas aquisições que o museu tem vindo a concretizar no último
ano com vista à realização de uma grande exposição imersiva, sem precedentes em
Portugal, que irá assinalar os 80 anos sobre o final do maior conflito da
história.
Este veterano da Segunda
Guerra Mundial aporta em si várias curiosidades, tais como ser o único Sherman
em condições de funcionamento em Portugal, assim como ter participado na
mini-série “All the Light We Cannot See”, da Netflix, com Aria Mia Loberti, Mark
Ruffalo, Louis Hofmann e Hugh Laurie nos principais papéis.
Sobre o
M4A1 Sherman
Após a entrada dos EUA na
Segunda Guerra Mundial, foi lançado um ambicioso programa de reequipamento do
exército, com especial foco nas forças blindadas. O primeiro resultado foi o
tanque médio M3 (“Lee” para os americanos e “Grant” para os britânicos) que,
apesar da boa blindagem, mobilidade e potência de fogo, apresentava importantes
limitações, como a silhueta elevada e a arma principal de 75 mm montada no
casco (e que obrigava a girar o carro para apontar a arma). A experiência da
Blitzkrieg levou à evolução deste modelo, surgindo assim o M4, que incorporava
uma torre giratória para a arma principal e mantinha muitos elementos do M3,
como a suspensão, transmissão e motor. Este era o Wright R-975 Whirlwind,
radial de origem aeronáutica, que permitia 400cv, mas implicava um consumo
elevado.
As primeiras versões do M4 –
M4 (casco soldado) e M4A1 (casco fundido) – foram seguidas pelo M4A2, com dois
motores Detroit Diesel, mais adequados à logística por parte dos soviéticos. A
estreia em combate ocorreu em El Alamein (1942), onde os Sherman demonstraram
superioridade face aos blindados do Eixo. No entanto, após a chegada à Tunísia
na Operação Torch, os americanos enfrentaram os Panzer IV de cano longo e os
Tiger I, sofrendo perdas consideráveis. Apesar disso, o M4 afirmou-se como o
principal tanque aliado em 1943, sendo largamente utilizado nas campanhas da
Sicília e Itália, com cerca de 2000 unidades produzidas por mês, e amplamente
distribuídas por entre os exércitos aliados.
O verdadeiro teste surgiu com
o desembarque na Normandia, onde os Sherman enfrentaram tanques alemães
tecnologicamente superiores. Os britânicos responderam com o eficaz Firefly, e
os americanos introduziram gradualmente versões com peças de 76 mm. A vitória
global dos Sherman não se deveria propriamente à sua superioridade técnica, mas
antes à combinação de fiabilidade mecânica com a facilidade de produção em
massa, devidamente acompanhadas de um apoio aéreo eficaz.
Mais do que um veículo de
combate, o M4 Sherman tornou-se um símbolo da capacidade industrial aliada e da
estratégia da guerra moderna, sendo produzido em quase 50 mil exemplares, e com
uma janela de operação que perdurou até ao final do século XX em múltiplos
teatros de guerra, o que lhe assegura um lugar de destaque na história da
tecnologia militar.
Fonte: Museu do Caramulo
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