Degenerescência Macular da Idade afeta 355 mil portugueses e Retinopatia Diabética afeta 1 em cada 3 diabéticos. NOVA Medical School aposta na investigação, com sete grupos de trabalho na área da Retina e Visão.
Em Portugal, entre as doenças
da retina mais prevalentes encontra-se a Degenerescência Macular da Idade
(DMI), uma doença crónica que estima-se que afete cerca de 355 mil pessoas, com
cerca de 45 mil novos casos por ano, sendo a principal causa de perda de visão
na população idosa. A par desta, também a Retinopatia Diabética é uma das
doenças mais prevalentes, afetando cerca de 1 em cada 3 diabéticos, sendo a
principal causa de perda de visão na população adulta em idade ativa. Com um
diagnóstico precoce difícil, um dos desafios no tratamento destas doenças,
segundo Sandra Tenreiro, Investigadora Principal do Grupo de Investigação em
Degeneração e Envelhecimento, da NOVA Medical School, passa pelo
“desenvolvimento de tratamentos eficazes para as fases iniciais, de modo a
evitar perda definitiva das funções visuais/visão”.
Atualmente, “há tratamentos
para algumas das fases avançadas, mas requerem elevado consumo de recursos
humanos e materiais por serem administrados em ambiente hospitalar. Nas doenças
raras hereditárias, apenas a degeneração da retina causada por mutações no gene
RPE65, uma das causas de amaurose congénita de Leber, tem um tratamento
genético, atualmente disponível em Portugal. No entanto, este é um tratamento
muito dispendioso, sendo difícil de desenvolver tratamentos semelhantes para
todas as doenças raras”.
Com o intuito de contribuir
para o desenvolvimento de respostas a estes desafios, nomeadamente, através de
“novas abordagens terapêuticas moleculares, genéticas ou de medicina
regenerativa, com impacto real na qualidade de vida dos doentes”, a NOVA Medical
School dispõe de sete grupos de investigação dedicados a doenças da Retina e
Visão, “com uma produtividade científica robusta e reconhecimento
internacional. Estes grupos desenvolvem investigação fundamental, com o
objetivo de desvendar os mecanismos moleculares associados a doenças da
retina”.
Neste momento, entre os vários
projetos, destaque para aquele “que tem como objetivo desenvolver novas
terapias para a fase precoce/intermédia da DMI”, liderado pelo Professor Miguel
Seabra e financiado pela Fundação La Caixa, e para “o projeto da investigadora
Raquel Lourenço, do grupo do Professor António Jacinto, que visa explorar
mecanismos de regeneração da retina, com o intuito de restabelecer
fotorreceptores, células essenciais no processamento do sinal visual, após uma
lesão”. Para o sucesso destas investigações, Sandra Tenreiro acredita que a
participação ativa dos doentes é fundamental, e “isso passa por ser doador de
material biológico, como sangue, lágrimas ou tecidos, produtos resultantes de
intervenções cirúrgicas, que de outra forma seriam descartados”.
As amostras doadas podem ser
armazenadas em Biobancos, como é o caso do Biobanco da NOVA Medical School, o
CHAIN-Biobank, do qual a Professora e investigadora Ana Rodrigues é
coordenadora científica. "O CHAIN-Biobank tem desempenhado um papel crucial
para as nossas investigações, funcionando como um repositório central de
amostras biológicas e dados de saúde de cidadãos residentes em Portugal que
tenham aceitado doar as suas amostras para o desenvolvimento do conhecimento
nas áreas da prevenção, diagnóstico, tratamento e monitorização de várias
doenças crónicas e infecciosas, como doenças musculoesqueléticas,
cardiovasculares e metabólicas. Conta já com 41.000 amostras pertencentes a
mais de 11.000 participantes". No que respeita às doenças da retina, a
NOVA Medical School espera em breve começar a recolher amostras e dados de
doentes, aumentando assim as informações disponíveis no CHAIN-Biobank e que,
certamente, irão ajudar "todos os investigadores que tenham projetos
relevantes nesta área, permitindo avanços no diagnóstico e tratamento destas
doenças".
A participação ativa dos
doentes em investigações é, aliás, um dos temas do evento organizado pela NOVA
Medical School, que acontece a 27 de setembro, e que antecipa as comemorações
do Dia Mundial da Retina (29 de setembro). Dirigido a doentes e profissionais
de saúde da área, este evento, que acontece a partir das 14h30 no Auditório
Manuel Machado Macedo, e cujas inscrições gratuitas decorrem até dia 25 de
setembro, irá reunir investigadores, oftalmologistas e associações de doentes,
para discutir o “Rumo a uma investigação centrada no doente”. Será ainda
inaugurada a exposição de arte “Olho criativo: visões além do visível”, com
obras das artistas Leonor Carvalho, Zélia Évora, e imagens científicas dos
estudantes da NOVA Medical School, vencedoras do concurso “Imagem Científica na
Visão”.
Fonte: Sapo on-line
Nenhum comentário:
Postar um comentário