Por: Carlos Pereira
“O cinema português é um bom
cinema, conhecido no mundo e nos festivais internacionais. O cinema português
na Europa é considerado como um dos mais interessantes nos últimos anos, mas
não está suficientemente visível nas salas, e como não existe em França nenhum
festival dedicado ao cinema português nós decidimos criar um” disse Wilson
Ladeiro no discurso de abertura, com algum humor à mistura. “Como estamos em
Paris, decidimos chamar-lhe ‘Olá Paris!’. Se estivéssemos em Dunkerque, seria
‘Olá, Dunkerque!’”.
“Existe uma verdadeira
história de amizade entre a França e Portugal. Parece-nos mesmo uma evidência
que um festival de cinema tenha lugar em França” disse Wilson Ladeiro,
coorganizador e codiretor do festival.
“As ideias mais evidentes, por
vezes, é necessário alguém para as realizar. É verdade que o cinema português
está ligado à França, a crítica francesa e os distribuidores franceses
acompanham há muito tempo o cinema português e foi sempre muito valorizado,
especialmente em França. No entanto, é verdade que não existia um festival de
cinema português. Agora já há e tenho muito orgulho em estar aqui e fazer parte
desta aventura” disse a realizadora Maria de Medeiros.
“O cinema português é uma
mistura única de poesia e de imagens, mas também tem um ritmo, é um convite à
lentidão, a dar tempo ao tempo, a contemplar… mesmo um plano fixo sobre um
elétrico de Lisboa, pode provocar emoção” disse por seu lado Fernando Ladeiro
Marques, irmão de Wilson Ladeiro e cofundador do festival. “Estamos muito
orgulhosos de apresentar aqui esta seleção de filmes que, para nós, são
representativos da riqueza e da diversidade do cinema português. Vão ver obras
cheias de calor humano, de profundidade e mesmo, por vezes, desta melancolia a
que chamamos Saudade”.
Maria de Medeiros declarou
aberta a primeira edição do Olá Paris! e agradeceu aos irmãos Wilson e Fernando
Ladeiro cuja ambição é agora “sejamos doidos”, como dizem instalar
definitivamente este evento para que se torne num “ponto de encontro anual do
cinema português em Paris”.
Uma exposição do artista
português de street-art Glaçon, está exposta durante os três dias do Festival
na galeria do primeiro andar, onde também haverá sessões de dedicatórias do
livro “Terra Fria” de Ana Maria Torres, da banda desenhada “Borboleta” de Madeleine
Pereira e do livro do desenhador e ilustrador do cartaz do festival, autor de
“25 de Abril: no princípio era o verbo”, Nuno Saraiva.
Banzo, o primeiro filme
projetado
“Banzo”, o primeiro filme
projetado no festival, vai sair nas salas de cinema francesas no dia 25 de
dezembro “no dia do menino Jesus” como disse, a brincar, a realizadora
Margarida Cardoso antes da projeção, numa breve conversa com a apresentadora
Karine Lima.
O filme situa-se no início dos
anos 1900, numa roça de Cacau de S. Tomé e Príncipe, para onde foram recrutados
escravos moçambicanos que sofrem da nostalgia do país e acabam por adoecer e
até suicidar-se. O Dr. Afonso, habituado a trabalhar em África, nomeadamente no
Congo, foi chamado para curar esta doença desconhecida que matava os escravos
na Roça da Boa Vista. Mas depressa descobriu que a doença não se tratava com
remédios, porque o que os escravos queriam era regressar a casa, para junto dos
filhos e demais família.
O filme dura mais de duas
horas, que passam muito depressa, tão envolvente é a história e tão belas são
as imagens do Diretor de fotografia Leandro Ferrão.
É um belo filme que, quem não
viu, poderá ver nas salas de cinema francesas a partir de 25 de dezembro.
Fonte: Luso Jornal (França)
Nenhum comentário:
Postar um comentário