A inovadora descoberta dos cientistas do Departamento de Química e Bioquímica (DQB) poderá contribuir para a diminuição das emissões de carbono da indústria e para a transição para um modelo de produção mais verde.
Marcos Bento, Nuno Bandeira,
Sara Realista e Paulo Martinho
Marcos Bento, Sara Realista e
Paulo Martinho do Centro de Química Estrutural (CQE) e Nuno Bandeira do
Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), descobriram uma
nova molécula que consegue transformar o dióxido de carbono (CO2) em monóxido
de carbono (CO) e água. A investigação, realizada em colaboração com a Nova
School of Science and Technology (FCT NOVA), o Dutch Institute of Fundamental
Energy Research (DIFFER), a Universidade de Glasgow e a Universidade de Aveiro
foi publicado em setembro de 2024 na revista Inorganic Chemistry.
O CO2 é um dos principais
contribuidores para o agravamento das alterações climáticas e para o
desequilíbrio térmico do planeta Terra. Cientistas de todo o mundo têm vindo a
estudar formas de transformar esta molécula, notoriamente difícil de ativar e
converter, em novos produtos úteis, como combustíveis e produtos químicos,
usando para tal energias renováveis como a luz. Esta descoberta dos
investigadores de CIÊNCIAS vem contribuir com novas evidências para este
problema científico, abrindo ainda caminho para futuras utilizações pela
indústria. A descoberta poderá ainda contribuir para a produção de combustíveis
de forma mais limpa e sustentável e para a funcionalização de pequenas
moléculas nas áreas da farmacêutica.
“Trata-se de uma descoberta
importante uma vez que reduz a pegada da indústria e de uma matéria prima que
por si só já é bastante poluente. Além disso, ao utilizar a luz solar como
fonte de energia, conseguimos evitar o uso de processos industriais que exigem
a utilização de elevadas quantidades de energia”, explica Marcos Bento, um dos
investigadores.
Para transformar o CO2 em CO,
o grupo de cientistas efetuou a síntese de um composto de rénio, Re(I), que foi
ativado pela utilização de um reagente intermédio: a trietanolamina. Após a
operação, foi possível converter o CO2 em CO segundo a reação CO2 + 2H+ ® CO +
H2O. Esta conversão demorou cerca de 3 horas a ser realizada, utilizando-se
apenas luz solar, um catalisador, um solvente para dissolver os componentes
utilizados para o mesmo meio e um agente sacrificial de eletrões que serviu
para a ativação deste catalisador.
O próximo passo será escalar o
processo para o adaptar melhor às necessidades da indústria. Os cientistas
esperam testar reatores industriais de pequena e de grande escala, com o
objetivo de os tornar eficientes para a transformação de CO2 em CO em maiores
quantidades. Caso o objetivo se verifique, a descoberta pode significar um
grande salto na diminuição da poluição industrial e, consequentemente, das
emissões de carbono para a atmosfera, desempenhando um papel crucial na
transição social para modelos económicos e de produção mais verdes.
Fonte: Faculdade de Ciências
da ULisboa
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