No âmbito da “Temporada Darcos”, a 5.ª Sinfonia de Gustav Mahler é interpretada no próximo dia 20 de junho, pelas 21h30, no Teatro-Cine de Torres Vedras.
Este concerto será dirigido
por Nuno Côrte-Real e interpretado pelo grupo de música de câmara Ensemble
Darcos, que na ocasião será constituído por: Alexandre Dimcevski, (violino I),
Paula Carneiro (violino II), Reyes Gallardo (viola), Teresa Valente Pereira
(violoncelo), Vanessa Lima (contrabaixo), Nuno Inácio (flauta), Luis Auñón
Pérez (oboé), Telmo Costa (clarinete I), Cândida Oliveira (clarinete II),
Ricardo Ramos (fagote), José Pedro Pereira (trompete), Luís Duarte Moreira
(trompa I), Rodrigo Carreira (trompa II), Marco Fernandes (percussão),
Cristiano Rios (percussão), Ana Ester Santos (harpa), Hélder Marques (piano) e
Joana Barata (harmónium).
De referir, relativamente à
mencionada obra, que, para o reputado ensaísta Donald Mitchell (1925-2017), a
mesma “inicia um novo conceito de drama interior”, no qual um eventual conteúdo
programático já não reside na voz, ou em textos explicativos, antes “passou
para a clandestinidade”, para a profundeza da psique do compositor.
Tela musical gigante, de um
alcance emocional inaudito, a 5.ª Sinfonia de Gustav Mahler (1860-1911) foi
escrita entre 1901 e 1902, tendo sido estreada pouco depois da sua elaboração,
em outubro de 1902, em Colónia. Descontente com o resultado, Mahler faria
revisões constantes desta sinfonia até à sua morte.
De carácter conflituoso, ao
convocar, num mesmo espaço a mais esfusiante das alegrias e a mais
transcendente das tristezas, essa obra parece querer falar das incertezas
fundamentais do nosso tempo.
No concerto do próximo dia 20
de junho no Teatro-Cine de Torres Vedras escutar-se-á o arranjo para ensemble
instrumental de Klaus Simon da 5.ª Sinfonia de Gustav Mahler (1968), realizado
em 2014 por encomenda da Holst-Sinfonietta.
O
programa do concerto será o seguinte:
G. Mahler (1898 - 1937)
5.ª Sinfonia (arranjo para
ensemble de K. Simon)
I. Marcha Fúnebre: compassado
- severo - como um cortejo
II. Tempestuoso: com grande
veemência
III. Scherzo: enérgico, não
demasiado rápido
IV. Adagietto: Muito lento
V. Rondo-Finale: Allegro -
Allegro Giocoso. Fresco
A 1.ª secção da 5.ª Sinfonia
de Gustav Mahler compreende os dois andamentos iniciais. Inquieto e desolador,
o primeiro começa com uma fanfarra aparentemente vitoriosa que, rapidamente, se
dilui numa dolente marcha fúnebre. O segundo andamento, apesar do frenesim que
o trespassa, parece querer ascender a um estado de relativo otimismo, caindo
repetidamente numa angústia indizível. O mítico maestro Wilhelm Furtwängler
(1886-1954) dizia sobre este andamento: “Não
conheço nenhuma outra música que possa levar-me a um estado de espírito mais
pessimista. Desvaloriza tudo o que ainda pode parecer valioso para nós neste
mundo sombrio”.
Já a 2.ª secção da 5.ª
Sinfonia de Gustav Mahler é constituída por um terceiro andamento, Scherzo,
longo, dominado por um ritmo ternário, vagamente nostálgico, vagamente frívolo,
ensaiando uma visão mais positiva da vida.
A 3.ª secção da referida obra
compreende os dois andamentos finais. O famoso Adagietto parece querer
distanciar-se das tensões, tendo entrado na cultura popular pela mão do
realizador Luchino Visconti (1906-1976), ao funcionar como leitmotiv do filme
Morte em Veneza (1971), baseado na obra homónima (1912) de Thomas Mann
(1875-1955). O movimento finale possui um caráter exuberante. Luz e trevas
confrontam-se uma última vez, num clímax musical apocalíptico.
O preço das entradas para se
assistir ao concerto 5.ª Sinfonia de Gustav Mahler no Teatro-Cine de Torres
Vedras é de cinco euros.
O mesmo concerto será
proporcionado no dia 21 de junho, pelas 21h00, no Salão Nobre da Academia das
Ciências de Lisboa.
Refira-se que este concerto é
uma coprodução entre a Temporada Darcos e o Festival Estoril Lisboa.
De recordar que a “Temporada Darcos" constitui-se como uma iniciativa singular no
panorama musical nacional, na qual se divulga a música clássica segundo as suas
diversas abordagens e matizes estilísticas, sendo dirigida pelo compositor e
maestro torriense Nuno Côrte-Real. Os espetáculos desta temporada são na sua
maioria interpretados pelo grupo Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados
grupos de música de câmara portugueses da atualidade, o qual é dirigido também
por Nuno Côrte-Real e apresenta uma formação que varia consoante o programa de
concerto. De realçar que têm participado nos concertos da “Temporada Darcos”
aclamados solistas e orquestras nacionais e internacionais, bem como
proeminentes figuras do panorama musical nacional como comentadores. Sendo
coorganizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pela Darcos - Associação
Cultural, a “Temporada Darcos”
tem como ponto de partida o concelho de Torres Vedras. Em 2024 tem a sua 17.ª
edição.
Fonte: Câmara Municipal Torres
Vedras
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