No âmbito das atividades e intervenções socioculturais, a Junta de Freguesia de Penamacor procede, no dia 9 de março pelas 15H30, na Sala da Música do ex-Quartel, à exposição e divulgação públicas do muito aguardado livro do coronel Duran Clemente, “Crónicas de Um Insubmisso”, em colaboração com a Dulce Simões e Francisco Abreu, que apresentam a obra.
Também nesta ação colaboram os
penamacorenses José Lopes Nunes/Jolon e Manuel Robalo. Manuel Duran Clemente
foi um dos mais intervenientes Capitães do Movimento das Forças Armadas que
levaram a efeito a Revolução libertadora do 25 de Abril de 1974, faz agora 50
anos.
O capitão Duran Clemente,
então a cumprir serviço militar na Guiné, participou na reunião e na elaboração
do abaixo-assinado de 28 de agosto de 1973, a que se seguiriam outros
manifestos de descontentamento e desagrado, por parte dos oficiais pelo “estado a que isto chegou” e elaborados em
Portugal, a 9 de setembro de 1973; em Angola a 10 de setembro e em Moçambique a
13 de setembro.
O documento construído na
Guiné por uma comissão da qual fazia parte o capitão Duran Clemente, assim como
o capitão Matos Gomes, entre outros oficiais, chegou mesmo a Marcelo Caetano, o
qual, no seu livro “Depoimentos”,
refere mesmo que tal documento “o deixou muito
preocupado”.
Duran Clemente foi um dos
heróis do 25 de Abril de 1974 e a liberdade que contribuiu para dar ao Povo
Português continua a caraterizar o seu pensamento, dado que nesta sua obra
agora apresentada a público em Penamacor, para além de se construir com
memórias suas de família e infância, procura esclarecer muitos equívocos e
deficientes informações que, ao longo dos anos, têm alimentado os estudos e
investigações sobre aquelas gloriosas jornadas de luta em prol da liberdade, da
democracia e da dignidade.
Assim, nesta sua obra, Duran
Clemente aborda “Os Caminhos de Abril” fazendo
referência à vigília da Capela do Rato; ao III Congresso da Oposição
Democrática, que decorreu em Aveiro, assim como ao ambiente que se vivia pouco
antes do 25 de Abril entre os oficiais na Guiné.
Aborda depois os tempos desde
a “Revolução” à “Contrarrevolução”,
melhor esclarecendo o que se passou, efetivamente, no 25 de Novembro e os
incómodos causados pela então 5ª Divisão, e que nem sempre chega à informação e
conhecimento do grande público; não esquece também as injustiças e falsidades
que foram sendo construídas relativamente a muitos dos militares de Abril, nos
anos que se seguiram, quer em ambiente militar, quer mesmo no âmbito das
intervenções e decisões políticas, não duvidando que as “Lutas pela Memória” são também “Lutas pelo Futuro”, chegando mesmo a
considerar que as “Saudades do Ditador”? só
podem ser “Ignorância ou Manipulação”?
Filho de um sargento, natural
da Capinha (Fundão), que aqui desempenhou as suas funções militares na então 1ª
Companhia Disciplinar, Manuel Duran Clemente sempre manifestou o seu orgulho
por nesta pequena vila beirã ter vivido, entre os 4 e os 14 anos, e aqui
iniciado a sua escolaridade, até ao momento em que ingressou na Academia Militar.
Fonte: Mais Beiras
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