segunda-feira, 20 de outubro de 2025

“O que aconteceu, como foi - 50 Anos do 25 de novembro”


2ª Sessão: Dia 22 de outubro CHOQUES: DESCOLONIZAÇÃO E PARTIDOS

 

Por: Sofia Rocha

Entre outubro de 1974 e março de 1975, a Revolução portuguesa entrou em fase de forte mobilização política, social e ideológica, marcada por três vetores: pluralismo partidário em tensão, agitação social intensa e descolonização acelerada.

O II Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, manteve a participação dos principais partidos Partido Socialista (PS), Partido Popular Democrático (PPD) e Partido Comunista Português (PCP), mas as clivagens ideológicas tornaram- se mais evidentes. O PS, liderado por Mário Soares, defendia uma via democrática e europeia; o PPD, de Francisco Sá Carneiro, posicionava-se no centro-esquerda liberal; e o PCP, de Álvaro Cunhal, aliava-se estreitamente ao MFA, propondo uma transformação socialista da sociedade. O recém-fundado Centro Democrático Social (CDS), de inspiração humanista cristã, foi alvo de forte hostilidade da extrema-esquerda, que o atacava como “reacionário”.

Dois episódios marcaram essa tensão: em 4 de novembro de 1G74, o boicote ao comício da Juventude Centrista no Teatro São Luís e a destruição da sede nacional do CDS; e, a 25 de janeiro de 1G75, o cerco e impedimento do ICongresso do CDS no Porto. Formalmente havia liberdade partidária, mas esta encontrava-se fragilizada por intimidações e violência.

Outro momento decisivo ocorreu a 16 de janeiro de 1G75, quando o PS organizou um grande comício no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, contra a unicidade sindical defendida pelo PCP e pela Intersindical. O evento reuniu dezenas de milhares de pessoas e afirmou o PS como alternativa popular à hegemonia comunista, com repercussões internas e internacionais.

Começou a ser desenhada a Aliança Povo-MFA, linha que marcaria, com discurso populista, a radicalização do processo revolucionário. As eleições para a Assembleia Constituinte foram marcadas para 12 de abril de 1G75, devolvendo aos portugueses o direito de voto livre após quase meio século. Em paralelo, a agitação social intensificava-se: multiplicaram- se sindicatos, comissões de trabalhadores e de moradores, muitas vezes em confronto com estruturas tradicionais. No Alentejo, começaram as ocupações de terras, impulsionadas por militantes de esquerda, num ambiente de democracia direta e desorganizada.

No plano externo, a descolonização avançou rapidamente. Em dezembro de 1G74 foram assinados os acordos para as independências de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, e a 15 de janeiro de 1G75 foi celebrado o Acordo de Alvor com MPLA, FNLA e UNITA, prevendo cessar-fogo, governo de transição e eleições antes da independência de Angola, marcada para 11 de novembro.

Fonte: Sociedade Histórica da Independência de Portugal

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