terça-feira, 8 de julho de 2025

“O Príncipe de Spandau”


Por: Inês Costa

Um mês depois da agressão ao actor Adérito Lopes, a companhia de teatro A Barraca leva à cena uma peça sobre o braço direito de Adolf Hitler e os perigosos delírios do nazismo. O Príncipe de Spandau é uma ficção provocatória e absurda sobre a vida de Rudolph Hess (interpretado por Gil Filipe), desde o julgamento de Nuremberga até à sua morte/suicídio na prisão.

Escrito em 1987 por Hélder Mateus da Costa, o texto revelou-se premonitório – antecipando o regresso das tendências racistas, o ódio contra imigrantes e refugiados, despotismos e extremismos políticos.

Na sua cela em Spandau, o número dois do III Reich imagina-se num Quartel-General onde, como representante de Hitler, dirige a política mundial. Isolado na sua loucura, envia telegramas para ditadores, chefes militares e polícias de todo o mundo. Julga-se um príncipe encantado, com visões apocalípticas sobre o regresso do Führer e a sua vitória definitiva.

Este espectáculo estava já em fase de ensaios quando, no dia 10 de Junho, sem que nada o fizesse prever, Adérito Lopes foi atacado à porta do teatro, no Largo de Santos, em Lisboa. O actor ficou ferido e teve de receber tratamento hospitalar.

O agressor, um jovem de 20 anos, integrava num grupo neonazi com ligações internacionais, que nessa altura passava em frente ao teatro depois de se ter reunido num restaurante nas proximidades. Seis dias depois, milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades do País contra os discursos e os crimes de ódio.

No actual contexto mundial, esta peça de Hélder Mateus da Costa ganha especial pertinência e convoca o público para a urgência do debate sobre a expansão dos movimentos de extrema-direita. Será que a Arte que antecipa o Futuro? Ou antes revela o eclodir do Ovo da Serpente?

“Só quero que esta História - mesmo em farsa - não se repita.”

Hélder Mateus da costa

O Príncipe de Spandau

Texto de Hélder Mateus da Costa, com interpretação de Gil Filipe

De 10 a 27 de Julho, no Teatro Cinearte, Lisboa

Quinta e Sexta às 19.30h; Sábado às 21.00h; Domingo às 17.00h

 

O PRÍNCIPE DE SPANDAU

Sinopse:

 

O Príncipe de Spandau é uma ficção provocatória e absurda sobre a vida de Rudolph Hess na sua cela em Spandau desde o julgamento de Nuremberga até à sua morte/suicídio.

Isolado na sua loucura, ele imagina que a sua prisão se transforma no Quartel-General de Spandau de onde ele, como representante de Hitler, dirige a política mundial enviando telegramas para ditadores, chefes militares e polícias de todo o mundo.

Ele é um príncipe encantado com visões apocalípticas sobre o regresso do Führer e a sua vitória definitiva. E quando vê o seu fim aproximar-se, vê a sua morte como o prenúncio de uma nova era em que o nazismo renascerá das cinzas.

O texto foi escrito em 1987 nos dias que se seguiram à morte de Rudolph Hess. Revelou-se premonitório em muitos aspectos e surge como um aviso contra as tendências racistas, ódios contra emigrantes e refugiados, despotismo e extremismos políticos hoje, infelizmente, mais vivos que nunca.

Citarei um excerto da peça sobre a ascensão de Hitler ao poder: "Dizem que tudo esteve a nosso favor: a crise de 1929, as manobras dos magnates e da Bolsa, a corrupção dos governos. Esteve tanto a nosso favor, como a favor dos nossos inimigos. As mudanças no mundo não acontecem por milagre. As sociedades mudam porque há conflitos de interesse, porque há luta de classes.E nós é que ganhámos essa luta de classes."

Só quero que esta História - mesmo em farsa - não se repita.

Hélder Costa

FICHA TÉCNICA

Texto: Hélder Mateus da Costa

Interpretação: Gil Filipe

Encenação: A Barraca

Assistentes: Érica Galiza, Manuel Petiz, Maria Baltazar, Vasco Lello

Cenário e Figurinos: A Barraca

Costureira: Elza Ferreira

Desenho de Luz: Gil Filipe e Vasco Lello

Sonoplastia: A Barraca

Operação de Luz e Som: Maria Baltazar e Vasco Lello

Cartaz: Luís Henriques

Fotografias: Adrian Roseiro e Vasco Lello

Produção: Inês Costa, Rita Lello

Grafismo: Inês Costa

Bilheteira: Manuel Petiz

Frente de sala: Érica Galiza

Higienização: Sona Dabó

Agradecimentos: Vanda Carmo, Artemvários, Inês Forjaz

Datas:

De 10 a 27 de Julho

Quinta e Sexta às 19.30h

Sábado às 21.00h

Domingo às 17.00h

M12

Duração: 90’

Fonte: A BARRACA

Nenhum comentário:

Postar um comentário