Por: Maria Constantino, Lusa
A terceira edição do Festival
do Emigrante de Herblay-sur-Seine, a noroeste de Paris, juntou no domingo milhares
de pessoas num ambiente com música e gastronomia portuguesas, que lembrou as
festas de verão em Portugal.
Num grande recinto que
misturou francês e português e com centenas de bandeiras portuguesas e
camisolas da seleção e de clubes portugueses, as cerca de 29.000 pessoas,
esperadas no domingo, segundo fonte próxima da organização do evento, puderam
assistir aos vários concertos previstos e a ranchos e bombos a atuar.
A edição deste ano contou com
o acréscimo de mais um palco e de 18 restaurantes, entre outros expositores de
lusodescendentes, para além de vários locais para as pessoas se sentarem e,
assim aproveitarem a tarde, em que a temperatura esteve bastante alta.
Os dois palcos, que receberam
no sábado os Xutos & Pontapés, Soraia Ramos, Bárbara Bandeira, Ivandro e
Marotos da Concertina, acolheram no domingo as atuações do lusodescendente Mike
da Gaita, de Yasmine, de Diogo Piçarra, de Mariza, do Deejay Telio e dos muito
aguardados Calema (António e Fradique Mendes Ferreira).
“É curioso estar tão longe de
Portugal e mesmo assim sentir-se estar num festival numa cidade qualquer
portuguesa no meio de Portugal. Acho que a nossa identidade está cá, a nossa
cultura. E são estas pessoas, os emigrantes, que a mantêm viva”, disse Diogo
Piçarra aos jornalistas, após o “espetáculo quase relâmpago” em que cantou
muitos dos seus ‘singles’.
Para Diogo Piçarra foi “um
orgulho enorme ter sido convidado para representar um bocadinho de Portugal”
para um público caraterizado pela “saudade”, de quem não tem assim tanto
contacto com espetáculos portugueses e que, por isso, os “vive mais intensamente”.
Também a fadista Mariza
descreveu o seu espetáculo como “a sensação de estar em casa”, a atuar em
Portugal, tendo escolhido temas mais conhecidos do público, para o qual pensou
na hora de preparar a ‘playlist’. “Fez-se uma festa incrível, onde primou-se pela
música, pela cultura, pela gastronomia, que também é cultura. E todo o público
era tão eclético. Todas as idades, crianças, tudo”, afirmou Mariza à Lusa,
referindo “o orgulho de poder cantar em português” para portugueses fora de
Portugal.
Os concertos atrasaram cerca
de uma hora do previsto, mas isso não impediu a animação e entusiasmo dos
portugueses e lusodescendentes, alguns a virem de longe de Paris, e que
aguardavam para ouvir cantar as músicas dos artistas que tão bem conheciam.
Andreia Couto, de 25 anos,
veio com a sua família de Annecy (a 600 quilómetros de Herblay-sur-Seine) pela
primeira vez ao festival para aproveitar um fim de semana “interessante e
divertido” num “reencontro de portugueses de vários pontos do país, tanto em
França como em Portugal”.
“Independentemente do calor,
houve sempre boa animação e bons concertos. Em princípio, no próximo ano
estarei cá novamente, mas irei organizar-me com mais antecedência, porque este
ano tratei de tudo em cima da hora após saber do festival pelo Tiktok”, afirmou,
referindo que o concerto do duo musical de São Tomé e Príncipe, Calema, era o
que mais ansiava e a marcou.
Os Calema, que encheram no
início do mês o Estádio da Luz, em Lisboa, e já tinham atuado na primeira
edição do festival, contaram com uma grande plateia para a qual trouxeram uma
‘playlist’ com os seus temas mais conhecidos em português e outros em francês
que fazem sucesso em França. “Para nós, participar neste palco é um prazer,
porque é um espetáculo que junta toda a lusofonia, a língua portuguesa, a
cultura lusófona. E para nós é um prazer fazer parte deste evento. Promovermos
a cultura lusófona e a música cantada em português”, disse à Lusa António
Mendes Ferreira.
Segundo Fradique Mendes
Ferreira, o público deste festival “difere de muitos outros, porque é um
público da saudade”, algo que também se identificam “enquanto emigrantes, mas
conectados sempre com a língua portuguesa”.
Fonte: Luso Jornal/França
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