quinta-feira, 3 de julho de 2025

“Notícias além-fronteiras - Festival do emigrante trouxe Portugal a Herblay e juntou milhares de pessoas”


Por: Maria Constantino, Lusa

A terceira edição do Festival do Emigrante de Herblay-sur-Seine, a noroeste de Paris, juntou no domingo milhares de pessoas num ambiente com música e gastronomia portuguesas, que lembrou as festas de verão em Portugal.

Num grande recinto que misturou francês e português e com centenas de bandeiras portuguesas e camisolas da seleção e de clubes portugueses, as cerca de 29.000 pessoas, esperadas no domingo, segundo fonte próxima da organização do evento, puderam assistir aos vários concertos previstos e a ranchos e bombos a atuar.

A edição deste ano contou com o acréscimo de mais um palco e de 18 restaurantes, entre outros expositores de lusodescendentes, para além de vários locais para as pessoas se sentarem e, assim aproveitarem a tarde, em que a temperatura esteve bastante alta.

Os dois palcos, que receberam no sábado os Xutos & Pontapés, Soraia Ramos, Bárbara Bandeira, Ivandro e Marotos da Concertina, acolheram no domingo as atuações do lusodescendente Mike da Gaita, de Yasmine, de Diogo Piçarra, de Mariza, do Deejay Telio e dos muito aguardados Calema (António e Fradique Mendes Ferreira).

“É curioso estar tão longe de Portugal e mesmo assim sentir-se estar num festival numa cidade qualquer portuguesa no meio de Portugal. Acho que a nossa identidade está cá, a nossa cultura. E são estas pessoas, os emigrantes, que a mantêm viva”, disse Diogo Piçarra aos jornalistas, após o “espetáculo quase relâmpago” em que cantou muitos dos seus ‘singles’.

Para Diogo Piçarra foi “um orgulho enorme ter sido convidado para representar um bocadinho de Portugal” para um público caraterizado pela “saudade”, de quem não tem assim tanto contacto com espetáculos portugueses e que, por isso, os “vive mais intensamente”.

Também a fadista Mariza descreveu o seu espetáculo como “a sensação de estar em casa”, a atuar em Portugal, tendo escolhido temas mais conhecidos do público, para o qual pensou na hora de preparar a ‘playlist’. “Fez-se uma festa incrível, onde primou-se pela música, pela cultura, pela gastronomia, que também é cultura. E todo o público era tão eclético. Todas as idades, crianças, tudo”, afirmou Mariza à Lusa, referindo “o orgulho de poder cantar em português” para portugueses fora de Portugal.

Os concertos atrasaram cerca de uma hora do previsto, mas isso não impediu a animação e entusiasmo dos portugueses e lusodescendentes, alguns a virem de longe de Paris, e que aguardavam para ouvir cantar as músicas dos artistas que tão bem conheciam.

Andreia Couto, de 25 anos, veio com a sua família de Annecy (a 600 quilómetros de Herblay-sur-Seine) pela primeira vez ao festival para aproveitar um fim de semana “interessante e divertido” num “reencontro de portugueses de vários pontos do país, tanto em França como em Portugal”.

“Independentemente do calor, houve sempre boa animação e bons concertos. Em princípio, no próximo ano estarei cá novamente, mas irei organizar-me com mais antecedência, porque este ano tratei de tudo em cima da hora após saber do festival pelo Tiktok”, afirmou, referindo que o concerto do duo musical de São Tomé e Príncipe, Calema, era o que mais ansiava e a marcou.

Os Calema, que encheram no início do mês o Estádio da Luz, em Lisboa, e já tinham atuado na primeira edição do festival, contaram com uma grande plateia para a qual trouxeram uma ‘playlist’ com os seus temas mais conhecidos em português e outros em francês que fazem sucesso em França. “Para nós, participar neste palco é um prazer, porque é um espetáculo que junta toda a lusofonia, a língua portuguesa, a cultura lusófona. E para nós é um prazer fazer parte deste evento. Promovermos a cultura lusófona e a música cantada em português”, disse à Lusa António Mendes Ferreira.

Segundo Fradique Mendes Ferreira, o público deste festival “difere de muitos outros, porque é um público da saudade”, algo que também se identificam “enquanto emigrantes, mas conectados sempre com a língua portuguesa”.

Fonte: Luso Jornal/França

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