O AVC pode acontecer a qualquer pessoa em qualquer momento da sua vida. Até mesmo na gravidez. As explicações são do médico Jorge Lima
Por: Jorge Lima, médico ginecologista-obstetra
e Professor Universitário.
O acidente vascular cerebral é
uma emergência neurológica e uma causa importante de sequelas e mortalidade na
mulher. Por definição o AVC isquémico acontece quando o fluxo de sangue do
cérebro é interrompido e o tecido morre. Já no AVC hemorrágico ocorre uma
rotura dos vasos e o cérebro é lesado pela dispersão do sangue no tecido
cerebral associado ao edema e aumento da pressão intracraniana.
É
frequente o AVC na Gravidez?
O AVC pode acontecer a
qualquer pessoa em qualquer momento da sua vida. Apesar do número de AVCs em
mulheres em idade reprodutiva ser baixo, a grávida e a mulher no período
pós-parto têm um risco aumentado, devido a um número de diferentes fatores que
alteram a dinâmica cardiovascular do organismo e os mecanismos da coagulação.
De forma a prevenir a hemorragia no pós parto existe um aumento fisiológico da
tendência a formar coágulos, constituindo isto um fator de risco
tromboembólico.
Dados recentes mostram que a
incidência de AVC na gravidez está aumentar. Existem fatores de risco que
aumentam a probabilidade do mesmo ocorrer na gravidez, nomeadamente a
hipertensão, a diabetes, a obesidade, a doença cardíaca valvular, as
trombofilias hereditárias e adquiridas, a anemia falciforme, o lúpus, o abuso
de tabaco e de outras substâncias e as enxaquecas.
As complicações na gravidez e
no parto também podem aumentar o risco de ter um AVC: a hiperemese gravídica, a
anemia grave, a trombocitopénia (número baixo de plaquetas), a hemorragia
pós-parto especialmente a com necessidade de transfusão de sangue, a infeção, a
pré-eclâmpsia e a cardiomiopatia pós-parto. A idade materna avançada, uma
situação cada vez mais frequente na sociedade, também constitui um fator de
risco de AVC.
Quais os
sinais e sintomas do AVC na Gravidez?
O diagnóstico do AVC na
gravidez nem sempre é imediato, por causa do receio dos exames imagiológicos de
diagnóstico afetarem o bebé. Perante uma elevada suspeição diagnóstica os
benefícios da sua realização ultrapassam os riscos, devendo os mesmos serem realizados
(TAC e/ou RMN cerebral, ecocardiograma transtorácico e Eco-Doppler) de forma a
permitir uma intervenção imediata e melhorar o prognóstico clínico da mãe.
Existem sinais e sintomas
súbitos que são considerados de alarme, fora e na gravidez, e que fazem
suspeitar de um AVC: alterações da sensibilidade (dormência) ou motoras da
face, dos membros ou de um lado do corpo, descoordenação motora, confusão
mental, dificuldades na articulação das palavras ou da compreensão do discurso
das outras pessoas, alterações da visão e cefaleias intensas.
Como
podemos prevenir o AVC na Gravidez?
É muito importante a prevenção
que consiste num estilo de vida saudável, evitando o tabaco, tendo uma
alimentação equilibrada, e mantendo uma atividade física moderada mesmo na
gravidez. Todas as mulheres deverão fazer uma consulta pré-concecional antes de
programarem uma gravidez. Algumas mulheres poderão necessitar de fazer
prevenção tromboembólica farmacológica (antiagregação ou anticoagulação)
durante a gravidez e no pós-parto.
As mulheres que já tiveram um
acidente tromboembólico, mesmo que não tenha sido no território cerebral, ou
que possuam os fatores de risco já referidos deverão ser avaliadas de forma
multidisciplinar numa consulta que inclua especialistas em patologia tromboembólica
de forma a otimizar da melhor forma o desfecho da sua gravidez permitindo assim
o nascimento de um bebé saudável.
Fonte: Sapo on-line Saúde
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