O concerto relativo à 2.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos realiza-se no próximo dia 24 de maio, pelas 21h30, no átrio do Edifício Multisserviços da Câmara Municipal de Torres Vedras.
Nesse concerto, que se integra
na “Temporada Darcos” e será
levado a cabo pelo grupo de música de câmara Ensemble Darcos constituído na
ocasião por Paula Carneiro (violino), Reyes Gallardo (viola), Fernando Costa
(violoncelo) e Hélder Marques (piano), interpretar-se-ão as duas obras
finalistas a concurso no âmbito da 2.ª edição do Prémio Internacional de
Composição Darcos: PIANO QUARTET Nº 1 - O
desespero, do compositor inglês Thomas Hooper; e VENILIORNIS - Ordens de voar,
do compositor português Nuno Miguel de Peixoto Pinho.
De referir que as obras que
concorreram à 2.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos tiveram
como ponto de partida a mesma instrumentação da obra O Espelho da Alma, de
Eurico Carrapatoso. Esta será, de resto, a última obra que será interpretada no
próximo concerto da “Temporada Darcos”,
depois das duas anteriormente mencionadas.
Composta em 2009 para a “Temporada Darcos”, O Espelho da Alma,
op.56 tem como subtítulo Subsídios para o estudo de uma orografia musical
portuguesa. Concebida para violino, viola, violoncelo e piano, esta obra é
constituída por sete andamentos, baseados em melodias tradicionais portuguesas,
os quais definem um périplo, segundo o seu autor, em torno “de várias personagens psicológicas” Eterno, Pírrico, Sedoso, Careto, Saudoso, Pícaro
e Materno. Ainda segundo Eurico Carrapatoso, O Espelho da Alma, op.56 percorre “um património da Humanidade que faz parte do dia-a-dia,
no qual estas cantigas tradicionais concebem o que é o paradigma rural
português genuíno e antigo”. De referir que Eurico Carrapatoso,
figura incontornável das últimas décadas no panorama musical português, assume
a tonalidade, a música tradicional, a citação e o humor como instrumentos ao
serviço da sua personalidade criativa, recursos estilísticos pouco usuais na
era pós-moderna, longe dos pressupostos estéticos da contemporaneidade, mas
profundamente enquadrados numa estética pessoal refinada e numa
intertextualidade luxuriante.
A iniciar o próximo concerto
da “Temporada Darcos” serão
interpretadas as partes V e VIII de uma obra de Olivier Messiaen, um dos
compositores mais fascinantes do século XX: Quarteto para o fim dos tempos.
Trata-se de uma composição que está divida em oito partes, sendo que as
primeiras sete correspondem aos sete dias da criação e a última à “luz indefectível, da inalterável paz”.
Uma obra, segundo o seu autor, “para o fim
dos tempos”, cuja criação se constituiu como um ato de Fé,
evocativo do fim dos conceitos de Passado e Futuro, apontando para o “início da eternidade”. Foi num campo de
concentração de prisioneiros de guerra, o Stalag VIII-A, em Görlitz (Alemanha),
para onde Olivier Messaien foi enviado depois de ter sido capturado pelos nazis
em junho de 1940, que o Quarteto para o fim dos tempos foi composto. Para essa
estreia contribuíram também Etienne Pasquier (violoncelista), Henri Akoka
(clarinetista) e o ator e violinista amador Jean Le Btoulaire.
Compositores díspares na forma
e conteúdo, Olivier Messaien e Eurico Carrapatoso têm, no entanto, em comum
como pilares da sua discursividade musical a erudição, a Fé e o panejamento
onírico.
As entradas no Edifício
Multisserviços da Câmara Municipal de Torres Vedras para se assistir ao
concerto relativo à 2.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos são
gratuitas.
De recordar que a “Temporada Darcos" constitui-se como
uma iniciativa singular no panorama musical nacional, na qual se divulga a
música clássica segundo as suas diversas abordagens e matizes estilísticas,
sendo dirigida pelo compositor e maestro torriense Nuno Côrte-Real. Os
espetáculos desta temporada são na sua maioria interpretados pelo grupo
Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados grupos de música de câmara
portugueses da atualidade, o qual é dirigido também por Nuno Côrte-Real e
apresenta uma formação que varia consoante o programa de concerto. De realçar
que têm participado nos concertos da “Temporada
Darcos” aclamados solistas e orquestras nacionais e
internacionais, bem como proeminentes figuras do panorama musical nacional como
comentadores. Sendo coorganizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pela
Darcos - Associação Cultural, a “Temporada
Darcos” tem como ponto de partida o concelho de Torres Vedras.
Em 2024 tem a sua 17.ª edição.
Fonte: Câmara Municipal Torres
Vedras
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